A falta de acesso à internet levou duas crianças nos Estados Unidos a improvisar. Elas foram vistas sentadas no chão, com computadores no colo, na calçada do estacionamento da rede de fast-food Taco Bell em Salinas, na Califórnia. Com isso, conseguiam usar o wi-fi grátis da loja. A região fica próxima ao Vale do Silício, conhecido pólo tecnológico dos EUA.

A imagem foi publicada em 26 de agosto pelo procurador Luis Alejo em uma rede social. A imagem original protege a identidade das crianças, ao cobrir o rosto delas com um sticker de coração. No registro, é possível ver duas funcionárias da rede de fast food conversando com as meninas, uma delas está agachada para falar com elas no mesmo nível dos olhos das crianças. O procurador disse à CNN que não sabia o motivo das meninas estarem ali, mas viu na imagem um registro da exclusão digital de estudantes durante as aulas remotas na pandemia.

“2 de nossas crianças tentando usar WiFi para suas aulas no lado de fora de um Taco Bell em East Salinas! Devemos fazer melhor e resolver essa divisão digital de uma vez por todas para todos os alunos da Califórnia”, escreveu o procurador. “A Califórnia precisa de uma infraestrutura universal de banda larga para atender nossos alunos”, afirmou Alejo.

“A Califórnia é a capital mundial da tecnologia, isso é uma vergonha”, disse Alejo à CNN. “O Vale de Salinas fica a 45 minutos do Vale do Silício e aqui temos uma divisão tão grande que se arrasta há anos, mas agora só está ampliada por causa desta pandemia.”

Após a divulgação da imagem e a repercussão nas redes sociais, as meninas e a família foram identificadas. Elas receberam acesso gratuito à internet. A identidade não foi divulgada.

Pandemia ressalta a exclusão digital

 

Um balanço do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado na semana passada apontou que três a cada dez crianças em idade escolar estão sem acesso ao ensino remoto durante a pandemia. O índice representa 463 milhões de crianças em todo o mundo, desde a pré-escola até o ensino médio. A maior parte (72%) é de famílias pobres.

A realidade dessas meninas faz eco no Brasil. A falta de acesso à internet e a equipamentos como computadores, celulares e tablets está aumentando a desigualdade na educação do país, segundo especialistas. Enquanto alunos de famílias mais ricas possuem local adequado para estudar, conexão e equipamentos digitais, os estudantes de famílias mais pobres precisam se virar para manter a aprendizagem durante as aulas remotas.

Fonte: G1