Manifestantes libaneses arrombaram um portão que dá acesso ao Parlamento em Beirute nesta terça-feira (1) e entraram em confronto com a polícia. Eles jogaram pedras na direção dos policiais, que responderam com bombas de gás.

O ato começou na Praça dos Mártires em Beirute, a capital do Líbano. As pessoas se reuniram lá para manifestar seu descontentamento com o governo. Os manifestantes acusam os líderes de terem sido negligentes com um estoque de 2.700 toneladas de nitrato de amônia que explodiram no dia 4 de agosto. Por causa da megaexplosão, 190 pessoas morreram e 6.000 ficaram feridas.

Seis dias depois da explosão, em 10 de agosto, o primeiro-ministro Hassan Diab renunciou. O Líbano ficou sem um líder de governo até a segunda-feira (31), quando assumiu Mustapha Adib. Ele era embaixador do Líbano na Alemanha desde 2013. Na eleição parlamentar, recebeu o voto de 90 dos 128 deputados do país.

Adib foi eleito por forças políticas tradicionais, o que desagrada os libaneses que consideram esses políticos os responsáveis por seus males, inclusive a explosão de 4 de agosto.

Prisões de responsáveis pela explosão

Nesta terça-feira, o juiz Fadi Sawan emitiu mandados de prisão para quatro suspeitos por serem responsáveis pela megaexplosão. Segundo uma fonte ouvida pela AFP, trata-se do chefe dos serviços de inteligência militar do porto, um oficial de segurança do estado e dois membros da segurança geral.

Até agora, as autoridades judiciais emitiram mandados de prisão para 25 pessoas.

As circunstâncias exatas da explosão ainda não são conhecidas. Segundo fontes de segurança, determinados trabalhos de soldadura realizados no armazém provocaram um incêndio que, por sua vez, provocou a explosão.

Dívida e dificuldades fiscais

Além da megaexplosão, o Líbano sofre com o valor de sua dívida nacional, que faz com que o país não tenha dinheiro para investir.

O ministro das Finanças, Ghazi Wazni, assinou nesta terça-feira (1) contratos com os escritórios de três empresas de consultorias (KPMG, Oliver Wyman e Alvarez & Marsal) para auditar o Banco do Líbano. Essa é uma das demandas do Fundo Monetário Internacional e da França.

Visita de Macron

O país recebeu visita do presidente francês Emmanuel Macron nesta terça-feira. Ele está em campanha em Beirute para pressionar os políticos libaneses a implementar reformas que respondam às demandas dos cidadãos.

“Faço uma aposta arriscada, estou ciente disso. Coloco sobre a mesa a única coisa que tenho, meu capital político”, disse ao site de informações Politico.

A visita também é de natureza simbólica para mostrar que os libaneses são “como irmãos dos franceses”, como disse Macron em sua chegada. Ele anunciou que vai organizar em Paris “uma conferência de apoio internacional com as Nações Unidas” para arrecadar fundos para o Líbano em outubro.

Encontro com o Hezbollah

Macron se encontrou com representantes de nove forças políticas na residência do embaixador da França, como fez em 6 de agosto.

O líder francês defende sua estratégia de “falar com todo o mundo”, inclusive com o Hezbollah, “força política representada no Parlamento”. Ele afirma, no entanto, que desaprova parte do projeto político desse movimento.

Fonte: G1