Manifestantes se reuniram no Beco Greenvile para reivindicar o mandado de reintegração de posse que chegou na comunidade nesta quinta-feira (10). Os populares atearam fogo em madeiras e galhos fazendo com que a rua ficasse interditada. A polícia esteve no local na tentativa de acalmar os ânimos e auxiliar na abertura da rua. O caso ocorreu no lote de terras situado na rua F, Conjunto Jardim Amazonas, bairro Flores, Zona Centro-Sul de Manaus.

Paulo Gomes é morador da comunidade há 22 anos. Em entrevista ao EM TEMPO, ele disse que este é o único lugar que ele tem para viver com a família. Proprietário de uma casa de madeira, Paulo demonstrou desespero por não ter aonde morar e explicou que atualmente  trabalha descascando tucumã para levar o sustento para a família.

“Não tenho para onde ir. Alguns anos atrás, um homem veio aqui na comunidade e disse que o Prosamim passaria pelo bairro e iria indenizar todos os moradores. Mas nada foi feito, e agora querem nos despejar. Tudo que eu tenho está aqui. Tenho filhos e mulher, para aonde vamos se nos tirarem daqui? Com que dinheiro vamos sair daqui?”, questionou o morador.

A dona de casa Socorro Silva estava manifestando junto com a família. No lugar ela vive há 10 anos, e relatou em entrevista que foi coagida a assinar o documento que avisa a comunidade sobre a reintegração. Para Maria, a polícia agiu de maneira arbitrária, e isso fez com que ela assinasse por medo.

“Eu me senti coagida e acabei assinando. Eles gritaram comigo pedindo para eu assinar, disseram que eu sou a cabeça de tudo. Eu não sei quem falou isso para eles, se eu moro a poucos anos no local, e têm pessoas que vivem há mais de 20 anos nesse lugar. Minha preocupação é saber onde vou morar. Não tenho ninguém, os poucos familiares que eu tinha o coronavírus levou”, contou a dona de casa.

Posicionamento da Polícia 

De acordo com a polícia existe um mandado de reintegração de posse para a região que deve ser cumprido ainda esses dias. Segundo os policiais da 12º Companhia Interativa Comunitária (Cicom), a reintegração não foi feita nesta quinta-feira (10) em razão dos moradores apresentaram resistência ao sair da comunidade. No entanto nos próximos dias, a ordem deve ser cumprida.

Fonte: Em tempo