Os testes da fase 3 da vacina russa Sputnik V não devem acontecer antes de fevereiro no Paraná, segundo um relatório da frente parlamentar da Assembleia Legislativa do estado (Alep) que acompanha a pandemia do novo coronavírus.

Em agosto, o governo do Paraná assinou um convênio com a Rússia para transferência de tecnologia e produção da vacina pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Em setembro, o laboratório paranaense informou que planejava iniciar os testes ainda em outubro.

A vacinação contra a Covid-19 já começou no Reino Unido e Estados Unidos. No Brasil nenhuma vacina foi autorizada para aplicação pela Anvisa.

Segundo o relatório, as informações foram repassadas pela diretoria do Tecpar aos deputados da frente parlamentar.

De acordo com o documento, o plano de testes no Paraná foi revisto pelo Fundo Direto de Investimento Russo após a formalização de uma parceria com uma indústria farmacêutica privada.

Com a mudança de planos, segundo o relatório, o governo do Paraná está reavaliando se continua no projeto de desenvolvimento dos imunizantes russos no Brasil.

“O indicativo é que o fundo russo está redimensionando o projeto com outros parceiros (um parceiro que terá a função científica, outro com a função de produção e outro comercial). Neste momento, o fundo russo está avaliando qual a função de cada parceiro, e o Governo do Estado irá avaliar se será pertinente a continuidade da parceria”, diz o documento.

O relatório diz também que o Tecpar não tem estrutura física para produção de doses no parque tecnológico.

O documento diz que seria necessária a construção de uma nova planta com estimativa de custo de R$ 1,2 bilhão. O relatório diz que um anteprojeto para construção do parque foi protocolado no Ministério da Saúde para buscar os recursos.

Em agosto, o presidente do Tecpar, Jorge Callado, afirmou que o instituto seria responsável por todos os processos, desde o desenvolvimento até a produção e distribuição da vacina russa, e que a imunização poderia começar a ser feita no segundo semestre de 2021.

Liberação para testes

Segundo o governo do Paraná, a perspectiva de realizar a terceira fase dos estudos clínicos no Paraná está mantida.

O governador Ratinho Junior (PSD) afirmou nesta terça-feira (15) que a data para realização da última fase de testes, se o laboratório paranaense continuar no projeto, será definida pela Anvisa.

“Eu não quero ter a irresponsabilidade de colocar uma data. Quem coloca data é o corpo cientifico e a Anvisa. O que nos queremos colaborar com o Brasil é ter mais essa opção. Eu espero que seja o quanto antes, mas quem diz isso é a ciência”, disse.

O governador afirmou que não pretende fazer da discussão da vacina um “programa eleitoral” e que “a polarização da doença não é saudável para a população”

“As pessoas não querem mais essa politização. Eu não acho que é correto vir a frente e dizer que dia vai ser vacinado, quem vai ser vacinado e qual laboratório que vai vacinar. Isso é uma responsabilidade do Ministério da Saúde”, disse.

Na segunda-feira (14), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, disse que João Doria (PSDB), governador de São Paulo, usa a vacina contra Covid-19 para ter apoio nas eleições de 2022.

De acordo com Ratinho, é preciso trabalhar com “três ou quatro alternativas” de vacinas para dar conta da demanda brasileira.

“É Ilusão e até mesmo irresponsabilidade criar falsa expectativa para a população do Brasil achar que um, apenas um, consiga fazer a produção mundial para a população do planeta”, afirmou.

Em nota, o governo do Paraná disse que todas as opções de vacinas que apresentarem segurança e eficácia devem integrar o Programa Nacional de Imunizações (PNI). O estado tem R$ 200 milhões reservados no orçamento de 2021, mas não fechou nenhum acordo para compra de doses.

O estado da Bahia também tem acordo com o governo russo para distribuir a vacina Sputnik V, mas os testes também não foram iniciados no estado.

Fonte: G1