Um jovem réu por matar a estudante de agronomia Nathalia Deen, de 22 anos, foi condenado a 29 anos e nove meses de prisão, nesta terça-feira (15), em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná.

O Tribunal do Júri condenou Mateus Gonçalves pelos crimes de homicídio com quatro agravantes: motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio.

Ele também foi condenado por tentativa de homicídio com as qualificadoras: assegurar impunidade do outro crime, recurso que dificultou a defesa da vítima e meio cruel.

O julgamento começou por volta das 8h30, no Fórum de Ponta Grossa, e terminou por volta das 22h.

Segundo a investigação, Mateus entrou no apartamento da ex-namorada e a agrediu com oito facadas, em 6 de abril de 2018. O irmão dela, de 19 anos, levou duas facadas e foi agredido no pescoço, mas sobreviveu.

De acordo com a denúncia, Mateus não aceitava o fim do relacionamento com Nathalia.

Ele está preso desde o dia do crime na Cadeia Pública Hildebrando de Souza. Em depoimento à Polícia Civil, em 2019, o jovem alegou não lembrar as circunstâncias do crime porque tinha bebido.

O júri

Por causa da pandemia, o julgamento desta terça-feira não teve público. A sessão pode ser acompanhada por meio do site disponibilizado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).

Apenas juiz, Ministério Público, servidores do judiciário, advogados e os jurados sorteados tiveram acesso ao tribunal. Nem mesmo os familiares de Nathalia Deen puderam acompanhar a sessão.

As testemunhas comparecem presencialmente porque uma não podia ouvir o depoimento da outra. O uso de máscara e o distanciamento social foram obrigatórios.

Mateus acompanhou todo o julgamento de dentro da cadeia por videoconferência.

Para compor o júri popular, 20 pessoas foram sorteadas previamente e sete escolhidas como juradas. Depois do debate e dos interrogatórios, elas votam secretamente e, por fim, houve a leitura da sentença pelo juiz.

O crime

Nathalia, que estudava Agronomia na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), foi morta no apartamento onde morava, no bairro Uvaranas.

Uma câmera de segurança registrou o momento em que Mateus, que também é estudante de Agronomia, pulou o muro do condomínio e fugiu do local.

De acordo com a polícia, ele foi encontrado horas depois com cortes nos pulsos em uma sala da UEPG.

Suspeito de matar jovem em Ponta Grossa foi encontrado no campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) — Foto: Reprodução/RPC

O que dizem os citados

A advogada Giovane Cristina Raffo Deen, que é tia de Nathalia e atua como assistente de acusação no processo, disse que com a condenação de Mateus, encerram um ciclo e estão aliviados em confiar na efetividade da Justiça.

“Temos confiança de que a morte da Nathalia também influenciou nossa sociedade, em especial as cidades de Castro e Ponta Grossa, já que o resultado obtido em Plenário, com o acolhimento integral da denúncia, demonstra a clara relevância social dos crimes que envolvem violência doméstica e a resposta dos integrantes de nossa sociedade a crimes de tal natureza”, afirmou na nota.

O advogado Tainan Felix Laskos, que defende Mateus Gonçalves, afirmou que a defesa avaliará a sentença, “para definir a interposição de recurso, no prazo de cinco dias”.

Fonte: G1