A fornalha da base que oferece a Abel Braga novas peças neste final de Brasileirão prepara mais uma joia no Inter. O lateral-direito Vinícius Tobias observa o espaço conquistado por amigos e trabalha focado para estar no futuro próximo como mais uma peça da equipe principal. O sonho de se firmar no Beira-Rio é tanto que deixa de lado o assédio que já encara dos gigantes europeus.

Fiquei muito feliz com aquilo que estavam de olho em mim. Não me vejo no Bayern e Real. Quero subir, fazer vários jogos, ganhar títulos pelo profissional. Mais para frente, quem sabe. Mas meu objetivo é me firmar no Inter.

Vinícius Tobias

O garoto tem apenas 16 anos. Mas o potencial já chama atenção. Chegou a ser inscrito na Libertadores, embora ainda não tenha estreado no “time de cima”. Destaque das seleções de base, o lateral passou por um período de treinos com os profissionais, quando Eduardo Coudet ainda estava no clube.

– Fiquei praticamente três meses. Aprendi muito com os mais experientes. Cada treino foi muito importante. Realizei um sonho com apenas 16 anos. Fiquei muito feliz, estava com o D’Ale, Cuesta… Me deram conselhos. Sabia que não ficaria em definitivo, mas disseram para eu não desistir, que tudo daria certo – conta Vinícius em entrevista exclusiva ao ge.

Atualmente sob a batuta de Fábio Matias no sub-20, Vinícius foi descoberto pelo Colorado em 2016, quando jogava futebol em seu bairro, Jardim Matarazzo, em São Paulo.

Sandro Silva, atual coordenador da captação do Corinthians, gostou do que viu e conversou com o menino, então com 12 anos, e a mãe, Dagma. Ao receber o aval, o trouxe a Porto Alegre para um teste.

À época, ainda não era lateral. Jogava mais avançado. Foi só no Inter que trocou de posição e ganhou os holofotes.

– Fui aprovado de atacante, mas, em 2017, joguei como meia. O nosso lateral, Gustavo Bagatini, se machucou e não tinha outro. Pedi ao treinador, o Lucas Marchetti, a chance. Não foi muito difícil, mas tive que aprender a marcar, o principal. Fui aprendendo, me adaptei bem na lateral. Tem dado certo – relata.

O espelho

A inspiração do garoto é Daniel Alves. O atual camisa 10 do São Paulo hoje atua como meia, mas se consagrou na lateral direita. Na função, o jogador de 37 anos virou o maior vencedor da história, com 40 taças. Assim como o ídolo, Vinícius aposta no apoio, drible e a facilidade de avançar pelo meio, não apenas pelo corredor.

– Me inspiro bastante no Dani Alves, como jogador e pessoa. Vejo muito sobre ele. Quero muito seguir seus passos. Sou um jogador com muita velocidade, drible. Tenho característica que poucos laterais têm, de ir para dentro – resume.

Vinícius Tobias já veste a camisa das seleções de base — Foto: Rudy Lesca/Divulgação, CBF

O estilo e a escassez na função são vistos como trunfos para que corresponda às expectativas quando virar profissional. O gerente geral da base do Inter, Erasmo Damiani, elogia a compreensão do jogo e sua capacidade de Vinícius tanto no apoio quanto na recomposição.

– Lateral é uma posição carente no Brasil. O segundo e terceiro terços de campo são muito bons. Tem a facilidade de chegar, ir para cima do outro time. Às vezes, joga na segunda linha por ter essa característica. Mas ele também sabe marcar. Tem um potencial muito grande – valoriza Damiani.

Com 1,76m de altura e 63 kg, Vinícius acredita que ainda precisa ganhar um pouco de massa. Porém, o dirigente avalia que o lateral já suporta o enfrentamento, como demonstrou nas disputas ao longo do ano.