O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, em entrevista ao Portal Tucumã no quadro SOS desta quinta-feira (4), mostrou dados alarmantes sobre a crise da Covid-19 no Estado do Amazonas e na capital, Manaus.

Jesem Orellana mostrou que nada parecido na história da saúde pública aconteceu no Brasil.

“É um cenário sem nenhum paralelo na história da saúde pública do Brasil e não apenas do Amazonas e de Manaus. Ao longo do mês de Janeiro, nós tivemos aproximadamente 2 mil e 300 mortes confirmadas por Covid-19. Ou seja, 40% de todas as mortes confirmadas por Covid ao longo de toda epidemia no Estado do Amazonas, aconteceram em aproximadamente 31 dias. Um número que mostra de forma irrefutável a gravíssima situação em que Manaus se encontra”, declarou o epidemiologista.

Ela também declarou que não é justo culpar apenas a população pela crise de saúde em Manaus, mas que as autoridades públicas e própria comunidade científica tem seu parcela de culpa.

“É muito injusto a gente culpar exclusivamente a população por esse tipo de atitude (falta de prevenção e não adesão das medidas restritivas), porque parte da comunidade científica, a poucos meses atrás, ela sugeriu de forma irresponsável e criminosa que Manaus havia atingido imunidade rebanho. Temos que fazer esse contexto e lembramos que a própria comunidade científica a se expor ao vírus”, declarou Orellana.

O epidemiologista também ressaltou que as medidas preventivas devem ser cumpridas se a região deseja amenizar os efeitos da crise de saúde na capital no Estado. E que não cumpri-las nos levará a ter outro cenário ruim.

“Se a população não entender que é obrigatório fazer o uso correto de máscaras, higienização constante, desinfecção constante das mãos, evitar aglomerações, se as autoridades sanitárias não resolverem aumentar a testagem em massa, por exemplo, as atividades de informação de saúde, nós vamos ter problemas nos próximos meses e anos”.

Jasem também alerta sobre o potencial de transmissão da nova cepa da Covid-19, mas esclarece que a nova variante não infecta os outros sem um “meio”.

“A nova variante do coronavírus, a P.1, está associada a maior transmissibilidade. Mas ela continua dependendo das pessoas para se replicar e continuar infectando, por isso a importância do distanciamento”, declara.

O epidemiologista também comentou sobre a eficiência das vacinas disponíveis e falou sobre a confiança nas doses disponíveis.

“Infelizmente a CoronaVac e a Astrazenca não são as vacinas mais eficientes, mas elas são confiáveis, são as que nós temos agora a nossa disposição para imunização e elas funcionam”.

Fonte: Portal Tucumã