Uma semana após o presidente Jair Bolsonaro receber o título de cidadão do Amazonas em Manaus, na sexta-feira, 23, o governo federal freou a transferência da LG Eletronics de São Paulo para o Amazonas. O projeto de ampliação da unidade de Manaus com as linhas de notebook e monitores que serão encerradas em Taubaté (SP) foi retirado da pauta da reunião do CAS (Conselho de Administração da Suframa) pelo secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, na quarta-feira, 28.

A proposta, que recebeu parecer favorável dos demais membros do CAS, tinha a maior previsão de investimentos na pauta da reunião: R$ 325 milhões no total. A expectativa é de que, com a aprovação do projeto, 68 novos postos de trabalho sejam criados em Manaus.

Mesmo com o fechamento da unidade no interior de São Paulo, a multinacional sulcreana cogita trazer trabalhadores para Manaus.

Na reunião, Carlos da Costa disse que a retirada do projeto “não significa, de maneira nenhuma, a rejeição do projeto”, mas “um esforço para entender melhor as circunstâncias que fizeram com que um número tão baixo de empregos seja gerado por um volume tão alto de investimentos dos recursos do contribuinte”.

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Para parlamentares do Amazonas, a decisão unilateral é considerada mais um golpe do governo Bolsonaro contra a ZFM(Zona Franca de Manaus). O deputado federal Marcelo Ramos (PSD) e o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) condenaram medida adotada por Carlos da Costa.

Ramos disse que a decisão reprime investimento previsto de R$ 160 milhões em pesquisa e desenvolvimento, qualificação de mão de obra e novos empregos na região. O deputado federal pediu que Carlos da Costa aprove o projeto ad referendum na próxima reunião.

“Essa decisão unilateral do secretário contraria o parecer prévio pela aprovação dos técnicos da Suframa e também o parecer da reunião prévia do Conselho de Administração da Suframa. (…) Não vamos aceitar esse tipo de provocação com a Zona Franca de Manaus”, afirmou Ramos.

“Todos os outros conselheiros manifestaram-se pela aprovação do projeto e o senhor Carlos Costa retirou na marra, como se não existisse o povo do Amazonas, como se não existisse os interesses dos empregos para os nossos amazonenses em período de pandemia e tanto sofrimento”, completou o deputado.

Na sessão da Assembleia Legislativa do Amazonas nesta quinta-feira, 29, Serafim Corrêa classificou como “nefasta” decisão. O parlamentar lembrou que a expansão da LG no PIM gera ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para o estado e novos empregos.

“Mais uma agressão nefasta contra a Zona Franca de Manaus. Seriam empregos gerados aqui, seria ICMS gerado aqui, seria uma nova atividade econômica, e ele defendendo os interesses de São Paulo retirou de pauta o projeto sem nenhuma razão”, disse Corrêa.

 

Fonte: Amazonas Atual