Um anúncio que uma família fez para uma vaga de trabalho de governanta exigindo que a candidata tivesse tomado as duas doses da vacina da Pfizer acabou em investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas, no interior de São Paulo.

O salário oferecido era de R$ 1.600, mas a condição era ter sido vacinada com esse imunizante. “Não há justificativa alguma, do ponto de vista científico. Isso tem a ver com um pré-conceito que algumas pessoas desenvolveram a partir da má leitura ou má interpretação das informações. Cada vacina tem uma plataforma de testes, um número final de eficácia, mas uma vacina não foi testada contra a outra”, explicou o infectologista Sérgio Zanetta.

De acordo com advogados trabalhistas, a oportunidade de emprego deve ser dada à pessoa que preenche os requisitos técnicos para a função, não tendo relação alguma com a vacinação.

“A vacina não está à disposição de todos. Sem sombra de dúvida, chega a ser um ato discriminatório”, disse a advogada Fernanda Ramos, que afirmou ainda que, caso algum candidato se sinta lesado, pode acionar a empresa na Justiça.

Em nota, o portal “Trabalha Brasil”, onde a vaga foi anunciada, informou que “repudia toda e qualquer manifestação de caráter discriminatório” e que já promoveu o bloqueio imediato do usuário e do anúncio. Já o MPT de Campinas designou um procurador para apurar a denúncia e vai tomar as medidas cabíveis.

“Enquanto a sociedade inteira não estiver vacinada, eu não estarei protegido. A Covid-19 nos ensina a não ser egoístas. A solução para o controle da pandemia é coletiva, para todos”, afirmou Zanetta.