Um estudo liderado por Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foi publicado nesta quarta-feira (14) na revista científica Nature, e nele, concluiu-se que a Floresta Amazônica já emite mais CO2 do que absorve e o desmatamento e a degradação reduzem a capacidade da Amazônia de dissipar o carbono.

Na ocasião, a intensificação da seca e o aumento do desmatamento promovem o estresse dos ecossistemas, o aumento da ocorrência de incêndios e das emissões de carbono.

Para chegar em tais dados, o estudo realizou 590 medições de concentrações troposféricas de dióxido de carbono e monóxido de carbono em 4 locais na Amazônia durante os anos de 2010 a 2018.

Os cientistas verificaram que as emissões totais de carbono são maiores no leste da Amazônia do que na parte ocidental, principalmente como resultado de diferenças espaciais nas emissões de carbono e de monóxido de carbono derivadas de incêndio.

“O sudeste da Amazônia, em particular, atua como uma fonte líquida de carbono (fluxo total de carbono menos emissões de fogo) para a atmosfera. Nos últimos 40 anos, a Amazônia oriental tem sido submetida a mais desmatamento, aquecimento e estresse hídrico do que a parte ocidental, especialmente durante a estação seca, sendo que o sudeste experimenta as tendências mais fortes”, indica o artigo.

Segundo o estudo, as mudanças históricas do uso da terra e as tendências climáticas também podem explicar a maior emissão, especialmente no sudeste amazônico.

“Após 30 anos, a área queimada ainda é uma fonte de CO2 para a atmosfera, dos quais 73% resultaram da subsequente mortalidade e decomposição das árvores. Esta emissão de decomposição não poderia ser compensada pela absorção de CO2 pela fotossíntese. Para florestas não degradadas, o aumento da temperatura e o estresse hídrico podem aumentar a mortalidade das árvores e afetar negativamente a absorção fotossintética de carbono pelas árvores”, afirma o artigo.

Com informações de Poder 360