Brasil – A taxa básica de juros, a Selic, subiu 1 ponto percentual, de 5,25% para 6,25% ao ano, no início da noite desta quarta-feira (22), ao final da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central).

É a quinta elevação seguida da Selic e o maior patamar desde o fim de 2019.

A decisão foi tomada por unanimidade pelo Copom. Na nota técnica divulgada após a reunião, o comitê destacou que “entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau menor, o de 2023”.

O Copom também destacou que a medida não trará “prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

E continuou: “no atual estágio do ciclo de elevação de juros, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e, simultaneamente, permitir que o Comitê obtenha mais informações sobre o estado da economia e o grau de persistência dos choques”.

“Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista”, transcreveu a nota.

Comitê sinaliza mais alta na próxima reunião

A nota também sinalizou que o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude na próxima reunião.

“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.

Taxa estava em queda até março de 2021

Até março deste ano, a taxa básica de juros vinha registrando uma série de quedas desde julho de 2015 e a sequência de reduções consecutivas desde julho de 2019, chegando ao menor patamar da história.

A alta da inflação e as incertezas da economia por causa das crises financeira e sanitária geradas pela pandemia de coronavírus vêm pesando na decisão do Copom de elevar sucessivamente a Selic.

Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária busca combater a inflação em um horizonte mais longo e vai “fazer o que for necessário” para devolver o índice de preços à meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

Ele garantiu ainda que não haverá reações precipitadas a cada novo dado inflacionário.

Como funcionam os juros básicos?

A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado.

A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, a Selic é taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos.

Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo.

Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.