BRASIL – O Ibovespa confirmou o que o índice futuro já antecipava e abriu os negócios desta quinta-feira (21) em queda. O mercado reage às últimas declarações de Paulo Guedes, ministro da Economia, sobre o Auxílio Brasil, programa que deve substituir o Bolsa Família a partir do mês que vem. Tanto Guedes como João Roma, ministro da Cidadania, explicaram que o benefício deve ser de, no mínimo, R$ 400 por família. O que não está totalmente claro é como o auxílio, nesse valor, será financiado.

“Estávamos estudando se faríamos antecipação da revisão de teto de gastos para 2026 ou se pediríamos um waiver [perdão fiscal] para gastar essa camada temporária de proteção”, afirmou o ministro em um dos dois eventos dos quais participou ontem à noite. Segundo Guedes, seria uma licença com “número limitado, pouco mais de R$ 30 bilhões”.

Depois, em entrevista à CNN, o ministro da Cidadania, João Roma, disse que o que governo pretende viabilizar o auxílio com responsabilidade fiscal e não trabalha com a possibilidade de um teto extra. As declarações pouco precisas deixam investidores confusos e mais avessos a riscos.

Ainda ontem, o Ibovespa futuro fechou em queda de quase 2% em meio às falas de Guedes e o MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundos de gestão passiva que acompanham algum índice e são negociados em Bolsa) dos ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos) brasileiros caía cerca de 4% no pré-market da bolsa de Nova York, indicando uma sessão bastante negativa para a bolsa brasileira.

Está prevista para hoje a votação do texto da PEC dos precatórios, em comissão especial na Câmara. O encontro para discutir dívidas judiciais da União já foi adiado por duas vezes e deve definir o espaço de manobra fiscal do governo para o financiamento do Auxílio Brasil.

Os investidores também estão atentos aos desdobramentos do relatório final da CPI da Covid.

Às 10h14 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 2,03% aos 108.532 pontos. O Ibovespa Futuro com vencimento em dezembro de 2021 recuava 0,51% aos 109.505 pontos.

O dólar comercial sobe forte, avançando 1,66% a R$ 5,652 na compra e R$ 5,653 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro de 2021 sobe 0,91% a R$ 5,658.

No mercado de juros futuros, que dispararam ontem durante as falas de Guedes, o DI para janeiro de 2023 sobe mais 38 pontos-base, a 10,54%; DI para janeiro de 2025 subia 36 pontos-base a 11,5%; e o DI para janeiro de 2027 registrava alta de 33 pontos-base, a 11,81%.

No exterior, as notícias também não são das melhores. A gigante imobiliária chinesa Evergrande, que agitou os mercados no mês passado, anunciou que não chegou a um acordo para vender 50,1% de sua participação no negócio de serviços para propriedades. A empresa, que já não vem pagando determinadas dívidas, anunciou que não há garantia de que será capaz de arcar com suas obrigações financeiras.

Ainda não se sabe qual seria o impacto de um possível default (calote) para os mercados e no crescimento econômico da China. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês tem sido revisado para baixo, fato que tem repercutido de forma negativa entre os investidores.