Brasil – O quadrinista Mauricio de Sousa, de 86 anos, está preparando um personagem gay para as suas famosas histórias. Nos últimos anos, ele tem trabalhado para que sua turminha tenha maior diversidade. A personagem negra Milena, criada em 2019, por exemplo, ele avalia como a que mais sucesso fez no lançamento. Sobre o tema da homossexualidade, ele diz avaliar o cenário brasileiro e com roteiristas como isso será feito.

“Vem vindo aí… Estou esperando um pouquinho que esteja cada vez mais aceita a posição do gay, principalmente. Eu tenho um filho, bem, que se assume (homossexual) e eu adoro meu filho (Mauro Sousa, diretor de espetáculos, parques e eventos da Mauricio de Sousa Produções). Ele cuida de uma parte tão importante (da empresa), que é a de shows e espetáculos. E dá um nó no pessoal que já tem mais idade e mais experiência”, contou ele, em entrevista a BBC News Brasil.

Na entrevista ao portal, o quadrinista recordou de quando Mauro lhe contou sobre a sua sexualidade.

“Eu acho que (para ele também foi natural), pelo que ele falou. Ele se abriu comigo também. E nos entendemos muito bem, sempre. Com meus filhos eu me entendo sempre muito bem. Esse caso foi meio diferente mas também foi uma experiência muito interessante e agradável, porque é a porta da vida e da felicidade. Realização também. Não pode haver obstáculos para sensações. É uma maneira, uma atitude, é uma palavra que me foge agora… De comportamento… Também não é comportamento, me foge a palavra. Mas de qualquer maneira, acho que todos nós temos o direito de viver o que nos é agradável, necessário e nos faz bem. Mas, principalmente, se faz bem para mais de um, é melhor ainda. Acho que foi uma experiência muito boa para mim também.”, explica ele.

Mauricio está lançando o livro “Sou Um Rio”, sobre a defesa do meio ambiente. A data foi escolhida por ser às vesperas da COP-26, a conferência sobre mudanças climáticas que começa a partir deste domingo, em Glasgow, na Escócia.

No livro, no entanto, ele não usou personagens da Turma da Mônica.

“A decisão foi estratégica. A Turma da Mônica, entrando com aquele clima todo, brincadeiras, humor, iria desviar a atenção do leitor, principalmente o leitor criança, o jovenzinho. Iria desviar do foco que é cuidar do meio ambiente. Isso é uma coisa que eu queria deixar bem na cara do leitor, com ilustrações também não escandalosamente lindas, bonitas, coloridas, mas adequadas (ao tema)”, disse ele.

“Eu não podia botar a Turma da Mônica toda alegrinha, alegrinha, porque ela não pode deixar de ser alegrinha, num livro onde eu queria colocar uma proposta diferenciada”, completa.