MANAUS – Sandra Monteiro, de 61 anos, vítima de covid, fez um relato nesta sexta-feira (14) em seu perfil do Instagram, onde conta sobre o desafio que tem enfrentado após testar positivo novamente para Covid-19. Ela afirma ter se vacinado com as primeiras duas doses, no entanto, acabou por adiar a dose de reforço, que poderia ter minimizado seus sintomas.

“Estou com Covid-19 e meus sintomas estão bem severos. Testei hoje novamente e o resultado foi positivo. Estamos isolados em casa, eu e meu filho Miguel, com as janelas fechadas para não colocar os vizinhos do condomínio em risco”, explicou Sandra, que também assumiu a culpa por ainda não ter tomado a terceira dose. “A culpa é toda minha, assumo. Digo isso porque fiquei protelando a ida a um ponto de vacinação tomar a dose de reforço”.

“Sim, meu esquema vacinal inicial está completo. Sei perfeitamente que a função das vacinas é minimizar os efeitos do novo Coronavírus no organismo. Portanto, graças a Deus, as duas doses de CoronaVac impediram que a minha situação de agravasse. Eu poderia estar internada, não fossem elas, afinal, sou uma paciente de relativo risco – 61 anos e acima do peso, além de ser ex-fumante. E também poderia ter sintomas muito mais suaves se já tivesse tomado a ‘terceirona'”, enfatizou.

Sandra conta estar no quinto dia desde que os sintomas começaram, e relata ter congestão nasal, tosse, dor de cabeça, e dificuldade para respirar. Além de também ter tido seu olfato e paladar prejudicados.

“Estou no quinto dia de sintomas fortes: muita congestão nasal, tosse, dor de cabeça, indisposição, dificuldade para respirar, calafrios e muita tosse. Sem contar que não estou sentindo gosto de nada, nem cheiro. Só percebo se é quente ou frio na boca. Começando um tratamento com seis medicamentos e uma vitamina. Tenho que monitorar permanentemente a saturação para informar à médica qualquer alteração. E isso poderia ter sido evitado se eu já tivesse tomado a terceira dose, estaria muito mais protegida.”

“Portanto, tenham em mim um exemplo real do que pode acontecer com quem não toma as vacinas. E tem que ser TODAS, não basta uma ou duas doses. Tomem quantos reforços, quantas adicionais forem indicadas”, finaliza, alertando sobre a importância da vacinação no combate ao coronavírus e no surgimento de novas variantes. Apenas a imunização em massa protege todas as pessoas da comunidade e diminui o risco de contágio.

Importância da terceira dose (dose de reforço)

O infectologista e referência técnica do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde (Sesa), Raphael Lubiana Zanotti, destaca que uma das principais medidas que a dose de reforço traz é na ampliação da resposta imune.

“A terceira dose ou dose de reforço vem para proporcionar o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, no que chamamos de ‘booster vacinal’ – reforço. E, ao aumentar a quantidade de anticorpos circulantes, isso reduz a chance de cada pessoa se infectar (ou reinfectar)”, afirmou.

“Existem pessoas que mesmo vacinadas, não desenvolvem resposta imunológica adequada, como idosos e imunossuprimidos. E a terceira dose ‘resgata’ uma parte desses que não tinham respondido adequadamente e deixando-os imunizados.”

Outra medida importante, pontuada pelo profissional, está relacionada à redução da chance de infecção em caso de novas variantes. “Quando temos uma quantidade de anticorpos circulantes elevada, é mais provável que ao ser infectado por uma nova variante, a pessoa possa desenvolver anticorpos que se liguem a essa variante”, disse o médico.

Ele explica como isso ocorre. “Uma vez a pessoa vacinada, o anticorpo promovido pela vacina era direcionado para a variante que deu origem à formulação da mesma, e nesse processo as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade, e quanto mais isso ocorre, é mais provável que alguns se liguem à variante nova, fazendo ser reconhecido pelo corpo para a produção de mais do anticorpo específico. E com o nível elevado desse anticorpo no organismo circulando, aumentam as chances de proteção a nova variante”.