MINAS GERAIS – A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou na quarta-feira (19), o ex-padre Ernani Maia dos Reis pelo crime de violência sexual mediante fraude contra três monges do Mosteiro da Santíssima Trindade, na cidade de Monte Sião.

Os crimes teriam ocorrido entre os anos de 2011 e 2018, quando o então padre comandava o mosteiro Santíssima Trindade, de Monte Sião, que integra a Arquidiocese de Pouso Alegre. Reis nega ter cometido os crimes.

Conforme as investigações, os monges eram subordinados a ele e passavam por processo seletivo para ingressarem no local.

Além de abuso e violência sexual contra vítimas do sexo masculino, as monjas também acusaram o padre de agressões, maus tratos e assédio moral.

As investigações começaram em outubro do ano passado a pedido do Ministério Público, depois que uma série de reportagens do Portal Uol revelou o caso com relatos de diversas testemunhas. Além de desencadear o inquérito policial, as reportagens levaram o Papa Francisco a desligar oficialmente Ernani da Igreja Católica. O anúncio foi feito pela Santa Sé em 1º de outubro de 2021.

Ernani negou as acusações ao delegado de Monte Sião, Daniel Leme Amaral, em depoimento no dia 7 de dezembro de 2021, alegando que as relações foram consentidas, entre homens adultos e que não configurariam abuso de sua parte.

Ao concluir o inquérito, porém, o delegado Daniel Leme Amaral encontrou indícios de que o ex-padre cometeu contra três vítimas o crime previsto no artigo 215 do Código Penal brasileiro: “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”. A pena prevista é de dois a seis anos de reclusão.

O ex-padre ainda não se manifestou quanto ao indiciamento. Seu advogado, João Humberto Alves, disse ao portal Uol que seu cliente “pretende se manifestar apenas nos autos”.

Após a conclusão do inquérito policial, o caso é repassado ao Ministério Público estadual. Caberá ao órgão decidir se oferece a denúncia contra o ex-padre à Justiça ou se a arquiva. Caso a denúncia seja oferecida e o Judiciário a aceite, será instaurado uma ação penal, quando Ernani se converteria em réu.