Brasília e Eldorado – O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, neste sábado (22/1), ter conversado com o pai da criança de 10 anos, moradora de Lençóis Paulista (SP), que sofreu uma parada cardíaca 12 horas depois de receber o imunizante pediátrico da Pfizer contra a Covid-19.

Durante conversa com a imprensa, em Eldorado, interior de São Paulo, onde participou do enterro da mãe na sexta-feira (21/1), o chefe do Executivo indagou: “Foi em função da vacina ou não foi?”. Ele disse que o pai da criança é um cabo da PM.

“Como pai, o que ele falou para a gente é preocupante. Agora, foi em função da vacina ou não foi? De imediato já vi nego que nem tinha ido lá falando que ela tinha outros problemas. Eu conversei com o pai. Conversem com o pai da menina. Vocês têm filhos também. Nós queremos o bem de todos”, declarou.

Nessa sexta, o Ministério da Saúde divulgou nota afirmando que não há qualquer relação entre a aplicação da vacina da Pfizer e a morte da criança.

“O parecer conclusivo, já divulgado pelo estado, foi que não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado, portanto, o evento adverso pós-vacinação foi descartado. A pasta destaca que a vacinação é segura e foi autorizada pela Anvisa”, diz o comunicado dessa sexta (21/1).

O episódio mobilizou duas autoridades do governo Bolsonaro: Marcelo Queiroga, titular da Saúde, e Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos (MDH), visitaram a família da criança na quinta-feira (20/1).

Em relato feito no Twitter, porém, Damares omitiu a informação de que o governo do estado de São Paulo descartou qualquer relação entre o evento adverso e a doença.

A ministra mencionou que até mesmo o presidente Jair Bolsonaro entrou em contato, por telefone, com os familiares da criança. Damares disse também que o caso será acompanhado por equipe do MDH e da Saúde. Marcelo Queiroga chegou a republicar o relato, mas logo depois o desfez.

Relembre o caso

Também de acordo com investigação do governo de São Paulo, o evento adverso não teve relação com a vacina. Em nota, o estado informou que “a análise realizada por mais de 10 especialistas apontou que a criança possuía uma doença congênita rara, desconhecida até então pela família, que desencadeou o quadro clínico”. A análise dos especialistas se baseou em exames e nos dados do prontuário da paciente no hospital.

Após o caso de parada cardíaca, a prefeitura de Lençóis Paulista suspendeu a vacinação infantil na cidade.

Em entrevista ao Metrópoles, Anderson Prado, prefeito do município, disse que tomou a decisão por uma questão de segurança e reconheceu que não havia nenhum tipo de relação comprovada entre a aplicação da vacina e a parada cardíaca.