MUNDO – Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta quinta-feira (5/5), indica que a pandemia da Covid-19 matou quase três vezes mais pessoas do que o número contabilizado em dados oficiais. De acordo com a estimativa, houve 14,9 milhões de óbitos em excesso, ou seja, causados direta ou indiretamente pela pandemia, até o fim de 2021.

Entre janeiro de 2020 e dezembro do ano passado, foram notificadas oficialmente 5,4 milhões de mortes por Covid-19 em todo o mundo.

“Esses dados preocupantes não apenas apontam para o impacto da pandemia, mas também para a necessidade de todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O “excesso de mortalidade” é um indicador que calcula o número de pessoas que morreram por complicações da infecção do coronavírus e aquelas que perderam a vida como resultado indireto da pandemia. Ou seja, pacientes de outras doenças que não puderam acessar o sistema de saúde para tratar suas condições, devido à sobrecarga das instituições de assistência médica durante os picos da pandemia.

A estimativa das mortes em excesso pode ser influenciada também pelos óbitos evitados na pandemia, em decorrência da redução do risco de acidentes de carro ou de trabalho, por exemplo. O indicador calcula a diferença entre o número de falecimentos que ocorreram e o que seria esperado na ausência da pandemia, com base em dados de anos anteriores.

“A medição do excesso de mortalidade é um componente essencial para entender o impacto da pandemia. As mudanças nas tendências de mortalidade fornecem informações aos tomadores de decisão para orientar as políticas para reduzir a mortalidade e prevenir efetivamente futuras crises”, disse a diretora-geral assistente de dados, análises e entrega da OMS, Samira Asma.

De acordo com a OMS, os números também são maiores do que a contagem oficial, devido à subnotificação em diversos países. Mesmo antes da pandemia, cerca de seis em cada 10 mortes em todo o mundo não eram computadas.

“Devido aos investimentos limitados em sistemas de dados em muitos países, a verdadeira extensão do excesso de mortalidade muitas vezes permanece oculta”, afirmou Samira Asma.

O número global de mortes foi maior entre os homens (57%) em comparação às mulheres (43%), e entre os idosos. A maioria dos óbitos em excesso (84%) está concentrada no Sudeste Asiático, na Europa e nas Américas.