Economia – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou uma nota, nesta sexta-feira (3), para alertar sobre o risco de o litro do óleo diesel atingir R$ 10 no segundo semestre, acima dos atuais R$ 7, em média. Com isso, aumentariam os impactos sobre a inflação e às vésperas da colheita da safra agrícola, quando avança a demanda pelo derivado.

“A crise está contratada”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, ao comentar a inoperância do governo de Jair Bolsonaro (PL) diante da demora na tomada de decisões de importações e formação de estoques de diesel em tempo hábil.

Análises feitas pela área econômica da FUP indicam que estão dadas as condições para nova escalada de preços dos combustíveis: com estoques globais em níveis historicamente baixos, resultando na valorização das cotações de referência e dos prêmios de exportação, a gasolina e o diesel estão cerca de US$ 60 por barril acima do preço do petróleo.

Ainda segundo a FUP, projeções indicam que o barril de petróleo poderá chegar à faixa de US$ 120 nos próximos dias, e não está descartada a possibilidade de atingir o pico de US$ 130/US$ 140 no final de junho ou início de julho e de o crack spread (diferença entre o preço do barril de petróleo e o preço do barril do derivado) se valorizar ainda mais. Soma-se a isso o custo do frete, em torno de US$ 9,20 por barril de diesel importado do Golfo Arábico ou da Índia (únicos pontos disponíveis atualmente), para o Brasil, o que elevará o preço do derivado para US$ 196, até US$ 200. Se houver escassez de diesel no mundo, como já se anuncia, o crack spread poderá ser ainda maior.

Bacelar lembra, ainda, que são necessários entre 45 e 60 dias para o produto chegar ao Brasil, considerado tempo demais. Segundo informações obtidas por ele, os estoques da Petrobras equivalem a 14 dias de produção.

Diante do quadro de restrições de oferta internacional, distribuidoras no Brasil já se ressentem de dificuldades de importações de derivados.

Dirigente da FUP aponta risco de desabastecimento de diesel

“Nada mais caro do que não ter”, diz Bacelar, prevendo risco de desabastecimento de diesel no Brasil, probabilidade de adoção de racionamento entre julho e agosto, e importações do produto de origens mais distantes e com qualidades distintas.

O dirigente da FUP entende que, mesmo sendo o Brasil muito exposto a importações de diesel, equivalentes a cerca de 25% do consumo doméstico, o governo Bolsonaro preferiu “empurrar com a barriga” o problema do abastecimento interno do produto.

“Bolsonaro continua com a política de desmonte da Petrobras, com a venda de refinarias, redução de investimentos no setor e obras que não concluiu, além da manutenção do equivocado preço de paridade de importação (PPI)”, observa Bacelar, lembrando que, com base no PPI, o preço do litro do óleo diesel bateu novo recorde em maio, o maior valor em 18 anos (média de R$ 7 por litro).

Via: Revista Fórum