Brasil – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, foi o pré-candidato à Presidência da República que registrou maior crescimento nas redes sociais entre março e maio, de acordo com levantamento realizado pela Torabit. A plataforma vem medindo o desempenho dos nomes colocados na corrida ao Planalto deste ano em todas as principais redes.

De acordo com o levantamento, no mês de maio o petista obteve um crescimento de quase 70% em número de menções em relação ao mês anterior, e de quatro vezes em relação a março. Ele foi 2,3 vezes mais citado em maio que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), um gigante nas redes sociais.

O petista registrou uma média diária de 28.400 menções diárias. Em abril, essa média estava em 16.899 menções diárias; em março, esse número era de 6.166.

Bolsonaro manteve-se estavel em presença nas quatro redes pesquisadas, vindo em segundo lugar, com 11.935 menções diárias.

O pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, aparece em 3º lugar na média de menções diárias. Em números totais, Ciro Gomes possui um volume de citações muito baixo se comparado aos outros dois candidatos. Ele registrou 1.816 menções ao dia.

Positivo ou negativo

Ao mesmo tempo em que registrou crescimento expressivo, o petista também se consolidou como principal alvo de críticos e haters, experimentanto o maior número de menções negativas no conjunto das plataformas pesquisadas: Twitter, Facebook, Youtube e Instagram. Das menções feitas a Lula, 41,8% tiveram caráter negativo e 33,8% tiveram caráter positivo.

No caso de Bolsonaro, a relação se inverte. O atual presidente não apresentou crescimento, mas é campeão em menções positivas entre todos os presidenciáveis. Bolsonaro tem um percentual de 26,9% de menções negativas, contra 50,1% de menções positivas.

Base constante de ataques

De acordo com Stephanie Jorge, pesquisadora da Torabit, publicitária, especialista em mídias sociais e em monitoramento digital, o estudo mostra que a maior parte das menções negativas sobre Lula partem de apoiadores de Bolsonaro nas redes.

“Os principais perfis que fazem oposição a Lula nas redes são de apoiadores do governo. Eles exercem forte influência, pelo número de seguidores e forte compartilhamento que cada tuíte possui”, aponta Stephanie, que tem experiência em análises de grandes campanhas presidenciais.

Da mesma forma, o levantamento indicou que a maior parte das menções positivas referentes a Bolsonaro partem de jornalistas e perfis ligados ao mandatário. “Jornalistas, influenciadores que apoiam o governo e o próprio Bolsonaro alimentam o volume de menções positivas em relação ao presidente.”

“Vale destacar que o foco dos comentários de apoiadores de Bolsonaro tem sido o antipetismo, fazendo com que o número de comentários negativos em torno de Lula tenha uma base constante. Foram 354 mil menções de oposição a Lula, contra um total de 358 mil menções (positivas, negativas e neutras) em relação a Bolsonaro. O número de comentários negativos de Lula é quase equivalente a todas as menções direcionadas a Bolsonaro”, destaca o relatório.

“Fumaça”

Para a campanha de Lula, os números indicam um aumento de notícias falsas sobre o ex-presidente disparadas por apoiadores de Bolsonaro.

“É curioso que, no mesmo mês que Lula atinge novo pico de menções na internet, com uma sequência positiva de ações, como capa da revista Time, casamento e resultados da pesquisa do Datafolha, se observa um aumento expressivo de comentários negativos contrário a Lula”, avalia Brunna Rosa, cientista social especialista em tecnologia, que integra a coordenação digital da campanha de Lula.

Ela ainda enxerga as menções negativas como sucessivas tentativas de suplantar “assuntos reais” que são temas delicados para o atual governo, como a questão econômica, o preço dos combustíveis e a inflação, entre outros temas.

“No mesmo mês em que temos um recorde de inflação, novo aumento nos combustíveis e escândalos do governo, se tem esse aumento de ataques. Em nosso acompanhamento diário, explodiu a quantidade de fake news contra Lula”, disse.

“É uma estratégia de tentar mudar de assunto. Bolsonaro trabalha muito dessa forma, para tentar desviar dos problemas reais do país”, destacou Brunna Rosa.

Bolsonaro

O Metrópoles não conseguiu contato com responsáveis pela estratégia de rede do atual presidente para a campanha deste ano.

Os questionamentos foram enviados à Secretaria de Comunicação do Planalto, no entanto, até a publicação desta matéria, não houve resposta. O espaço continua aberto.

Assuntos que mais geraram engajamento

Sobre as menções positivas, o ex-presidente obteve maior número absoluto em comparação a Bolsonaro – 286 mil menções, contra 94 mil do atual presidente. O levantamento também apontou que o engajamento de Lula é maior.

De acordo com o estudo, o principal assunto que agitou as redes em torno de Lula no período foi a capa da revista Time, quando o ex-presidente obteve o maior pico de curtidas no Twitter com a entrevista à revista americana, atingindo mais de 1,4 milhão de curtidas no período.

Casamento

Em segundo lugar, ficou o casamento com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, em 18 de maio. O assunto rendeu pico de engajamento no Instagram. Foram mais de 2,9 milhões de curtidas e 116 mil comentários na semana do casamento.

O terceiro assunto que mais gerou interações foi a divulgação da pesquisa do Datafolha, que mostrou um cenário de possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno.

Treta com Anitta

No caso de Bolsonaro, das ações que mais receberam interação, o estudo destaca a crítica que presidente fez à cantora Anitta, que teve 116,3 mil curtidas em seu post no Twitter e 797 mil curtidas no Instagram.

O assunto rendeu durante toda aquela semana, no fim de maio. A cantora trocou mensagens com o ator Leonardo DiCaprio pedindo para que jovens brasileiros tirassem o Título de Eleitor, e Bolsonaro respondeu ironicamente ao pedido no seu perfil na rede.

Além disso, Bolsonaro também ganhou destaque com a vinda de Elon Musk ao Brasil: 65,84% dos usuários que comentaram o evento apoiaram a vinda do empresário e seu encontro com o presidente, segundo o estudo.

Bolsonaro atingiu na semana do encontro 183 mil compartilhamentos e 1 milhão de curtidas.

Com informações do Metrópoles*