BRASIL – A XP Investimentos cancelou a divulgação da pesquisa do Instituto Ipespe. Os levantamentos estavam sendo divulgados semanalmente e vinha mostrando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente de Jair Bolsonaro (PL).

Na sondagem divulgada na semana passada, Lula aparecia com 45%, contra 34% do seu adversário. Ministros de Bolsonaro telefonaram para a XP para reclamar dos resultados – que coincidem com os de outros institutos, dentro da margem de erro. Diretores e acionistas minoritários fizeram questionamentos internos sobre o movimento.

De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, publicada nesta quarta-feira (8), a pressão sobre a XP vinha aumentando e explodiu na semana passada, quando o instituto mostrou que 35% dos eleitores afirmaram considerar que a honestidade é um atributo de Lula, contra 30% que dizem o mesmo sobre Bolsonaro.

Clientes bolsonaristas da XP também fizeram pressão contra a corretora depois de sucessivas pesquisas apontando o ex-presidente Lula liderando com folga a disputa presidencial.

“Peço aos líderes da área para rever este tipo de pesquisas. Sinceramente, não agrega em nada aqui na ponta”, escreveu um representante de empresas parceiras em um grupo de WhatsApp com executivos, segundo a coluna Radar Econômico, na revista Veja.

Outra executiva dizia que “os clientes estão nos metralhando aqui”. Uma terceira pessoa comentou que já havia cliente pedindo o fechamento de sua conta na XP, enquanto um dizia que empresários do agronegócio estavam repassando memes defendendo o boicote à corretora.

A XP transferiu o contrato do Ipespe para uma outra empresa do grupo, menos visada, a Infomoney, que registrou no TSE a pesquisa que seria divulgada nesta semana.

XP se manifesta

Em nota, a XP negou que “a pesquisa será cancelada e ratifica que contrata diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores de decisões sobre investimentos”.

“A realização das pesquisas terá periodicidade mensal, com número de entrevistas ampliado em relação às realizadas nos levantamentos anteriores, oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado. As próximas pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral já estarão adequadas ao novo formato”, acrescentou.