O apresentador Gilberto Barros, 63, foi condenado pela Justiça de São Paulo a dois anos de prisão por incentivar e praticar homofobia durante comentário feito em seu programa transmitido pelo Youtube, em 2020. Na ocasião, o Leão, como é conhecido, relembrou a década de 80, quando trabalhava na Rádio Globo. Ele disse que havia uma boate LGBTQIA+ na frente do trabalho e que por isso era obrigado a ver pessoas homossexuais se beijando.

“Eu tinha […] ainda presenciar, onde eu guardava o carro na garagem, beijo de língua de dois bigode, porque tinha uma boate gay ali na frente, não tenho nada contra, mas eu também vomito, sou gente, gente. Hoje em dia se quiser fazer na minha frente, faz, apanha dois, mas faz,” ressaltou o apresentador na época.

Segundo informações, a pena será cumprida em regime inicial aberto, e a sentença também prevê o pagamento de 10 dias-multa (aproximadamente cinco salários mínimos), dinheiro que será revertido em cestas básicas para órgãos sociais, além da prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo da pena. Gilberto Barros poderá recorrer à decisão da Justiça.

Segundo a juíza responsável pelo caso, Roberta Hallage Gondim Teixeira, houve “agressividade das palavras aplicadas, as quais discriminaram os homossexuais, especialmente diante do uso da palavra ‘nojo’”, e que essa fala atingiu a comunidade LGBTQI+. “A manifestação verbal do acusado ajusta-se à prática e indução da discriminação e do preconceito em razão da orientação sexual, não havendo falar-se em liberdade de expressão na medida em que esta não abarca o discurso de ódio”, ressaltou a juíza.

A defesa de Barros não negou a fala, mas disse que a situação causou constrangimento ao apresentador e que em nenhum momento a intenção era de incitar a violência. A denúncia contra o apresentador foi feita ao Ministério Público em setembro de 2020, pelo jornalista William de Lucca, militante LGBTQI+.