Brasil – Na noite desta terça-feira (23), Ciro Gomes (PDT) esteve em sabatina no Jornal Nacional, onde foi entrevistado por William Bonner e Renata Vasconcellos durante quarenta minutos. O jornal televisivo de maior audiência do país recebeu Jair Bolsonaro (PL) na noite de ontem e receberá o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB) nas próximas quinta (25) e sexta (26), respectivamente.

Após cerca de 15 minutos de entrevista, Bonner pede para Ciro explicar sua postura em declarar que, se eleito, não se candidatará a reeleição em 2026. “Além do apoio massivo nas urnas, do apoio de governadores que o senhor descreveu aqui, e além de uma da união em torno de uma ideia que o senhor venda, ao longo da campanha o senhor mencionou que pretendia assumir um compromisso com o eleitor brasileiro de não concorrer à reeleição. De que maneira um compromisso desses poderia ajudá-lo a formar maioria no Congresso?”

Reafirmo aqui o gesto de abrir mão da reeleição porque o que destruiu a governança brasileira foi a reeleição. O presidente se coloca com medo dos conflitos porque quer agradar a todo mundo para fazer a reeleição. O presidente acaba que se vende aos grupos picaretas da política brasileira porque tem medo de CPI e quer se reeleger. Eu tenho outra relação com a questão moral. Me garanto, não sou corrupto. Não tenho medo de CPI, pelo contrário. Uma CPI no meu governo vai me ajudar porque eu não roubo e não vou deixar ninguém roubar. E abrindo mão da reeleição vou cuidar apenas de fazer a reforma que o país precisa”, respondeu o candidato pedetista antes de relembrar que foi governador do Ceará e nunca mais voltou ao cargo.

Momentos antes, Ciro havia feito críticas ao sistema político brasileiro, principalmente ao modelo de governança que ficou conhecido como presidencialismo de coalizão, que permite ao presidente do país formar alianças com diferentes partidos partidos políticos em busca de governabilidade no Congresso. Para o pedetista, foi essa maneira de formar maioria que levou presidentes como Dilma Rousseff e Fernando Collor à derrocada, além de complicarem mandatos de Lula e FHC e, mais recentemente causarem a indisposição de Bolsonaro com suas bases mais radicalizadas por conta da aproximação com o centrão que o manteve no poder e lhe rendeu o apelido de Tchutchuca do Centrão.

Ciro Gomes se colocou como um candidato ‘antissistema’ a partir desse ponto de vista e prometeu reformar o modelo de governança. Foi isso que ele quis dizer acima com a expressão “reforma que o Brasil precisa”. Vale lembrar que sua candidatura é chamada, no jargão político, de “puro sangue”, por não contar com nenhuma aliança. O pedetista é o terceiro colocado na corrida presidencial com 6% das intenções de votos.

Fonte: Revista Fórum