BRASIL – Candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira que “não falta mais nada” para um problema grave no país, ao criticar a operação da Polícia Federal (PF) que mirou empresários que pregavam, em um grupo de WhatsApp, um golpe de Estado em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro.

Em sua transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro cobrou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra os empresários, apresente os fundamentos de sua decisão, e fez um alerta sobre conflitos ou tumultos envolvendo a estabilidade institucional.

“No meu entender, não falta mais nada para que realmente possamos ter um problema grave no Brasil provocado por uma pessoa”, disse em sua live semanal, referindo-se ao magistrado.

“A gente espera que o ministro Alexandre de Moraes apresente a fundamentação dessa operação o mais rápido possível. Porque agora nós estamos vendo que a escalada contra a liberdade, aquilo que eu sempre tenho falado, tem se avolumado em cima destes empresários”, disse, citando a liberdade de expressão como “sagrada”.

A operação da PF na terça-feira mirou em oito empresários –José Isaac Peres, CEO da Multiplan; Meyer Nigri, presidente do Conselho de Administração da Tecnisa; Luciano Hang, fundador da Havan; Afrânio Barreira Filho, fundador do Coco Bambu; Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia; José Koury, dono do Barra World Shopping; Marco Aurélio Raymundo, fundador da Mormaii; e Luiz André Tissot, fundador da loja de móveis Sierra- -marcou um novo embate entre Bolsonaro, seus aliados e Moraeso, que já foi até mesmo chamado de “canalha” pelo presidente.

Bolsonaro disse que conhece “muito bem” dos dois empresários envolvidos na operação. “Trocam informações no zap comigo”, admitiu o presidente, que não identificou os empresários.

O presidente, que logo antes da live participou de um evento ao lado de Moraes – a posse da ministra Maria Thereza como presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – também criticou o magistrado por ter se baseado, segundo Bolsonaro, em reportagem da imprensa para autorizar a operação contra os empresários.

“Pelo que tudo indica, até o momento, baseado em uma matéria de jornal, foi-se quebrado sigilo de todos eles, oito empresários. Depois foi feita a apreensão de celulares, bloqueio de bens”, afirmou.

A operação de terça-feira abalou uma frágil aproximação entre Moraes e Bolsonaro apenas um dia após o presidente falar em pacificação com magistrado, e a campanha do candidato à reeleição avaliou que há risco de acirramento nas ações de apoiadores, enquanto há quem tenha apontado um “caráter didático” da decisão.