A escalada da violência dos crimes ambientais na Amazônia foi pauta de reunião, nesta terça-feira (04/10), entre o Fórum de Procuradores de Estado do Meio Ambiente da Amazônia Legal (Fopema) e o Secretário Nacional de Segurança Pública, Carlos Renato Machado Paim, em Brasília (DF).

Segundo o coordenador do Grupo de Trabalho do Fopema, procurador da PGE-AM Daniel Pinheiro Viegas, a preocupação com o crescimento do crime organizado nas áreas de proteção ambiental foi levada ao secretário Carlos Paim, de forma articulada pelos procuradores de Estado, que participam do 2º Encontro Anual do Fopema, na capital federal.

“Se antigamente a gente enfrentava o desmatamento de pequenas áreas, de pequenos invasores, agora o desmatamento ganhou uma nova versão, feita em articulação com o crime organizado, com a grilagem de terra, com a presença das facções criminosas, que usam os recursos naturais para lavar o dinheiro do tráfico de drogas, de armas e do garimpo ilegal”, destaca Daniel Viegas.

Segundo levantamento realizado pelo Global Witness e divulgado no final do mês de setembro, o Brasil lidera o ranking das nações que mais mata defensores do meio ambiente. Ao todo, a pesquisa descobriu que 1.733 pessoas foram assassinadas nos últimos dez anos por defenderem a terra e o meio ambiente, com mais de 85% desses assassinatos ocorridos na Amazônia Brasileira.

O caso do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho de 2022, na região do Vale do Javari, nas proximidades do município de Atalaia do Norte, que ganhou repercussão internacional, contribuiu para chamar a atenção para essa questão da violência na terra.

De acordo com o procurador Daniel Viegas, durante a reunião desta terça-feira, o secretário Carlos Paim apresentou as medidas que a União vem tentando tomar para apoiar os estados no combate ao crime organizado.

Para o procurador do Estado do Acre, Rodrigo Neves, além do fortalecimento de uma bioeconomia, com baixas emissões de carbono, e o comando e controle tradicional, por meio de sanções administrativas, há necessidade de aproximação das políticas de segurança pública à questão ambiental.

“Ha um cenário de recrudescimento da grilagem e invasão de terras na Amazônia, patrocinado por grupos criminosos organizados. Trata-se de uma mudança de cenário, que exige atuação rápida e contundente. Há que se ter senso de urgência”, destacou Rodrigo Neves.

O 2º Encontro Anual dos Procuradores de Estado do Meio Ambiente da Amazônia Legal reúne representantes do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.