BRASIL – O ex-presidente Lula (PT) comentou nesta quinta-feira (27) a acusação da campanha de Jair Bolsonaro (PL) contra rádios, especialmente do Nordeste, que teriam deixado de veicular suas propagandas eleitorais, beneficiando o candidato petista.

A história teve um novo capítulo nesta quarta-feira (26), quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a ‘denúncia’ da campanha bolsonarista e o chefe do governo federal reuniu ministros e Forças Armadas para uma coletiva de imprensa para anunciar que iria recorrer da decisão.

Para Lula, Bolsonaro está “desesperado” e eventuais erros na veiculação de suas propagandas refletem a “incompetência” de sua equipe, já que cabe às campanhas disponibilizarem às emissoras de rádio e televisão os materiais que devem ser divulgados no horário eleitoral.

“Eu não sei o estado psicológico do presidente da República hoje, mas o que eu tenho percebido é que ele tem perdido um pouco o controle, tem acusado desnecessariamente pessoas, tem colocado coisas que não aconteceram em dúvida. Esse negócio das rádios é uma coisa da incompetência da equipe dele, e que nós não temos nada a ver com isso. E ele tentar criar uma confusão por conta disso é porque ele está, do ponto de vista psicológico, um pouco desestruturado”, disse o petista em entrevista à Rede Clube FM e Diários Associados.

“A campanha está chegando [ao fim], ele percebe que finalmente ele tem possibilidade de perder essas eleições – porque eu estou convencido de que nós temos chances de ganhar, não só porque estamos na frente, mas porque temos uma campanha mais densa, mais estruturada. Desde a proclamação da República, ninguém nunca gastou a quantidade de dinheiro que o Bolsonaro tem gastado, e inventado programas de última hora. São bilhões e bilhões e bilhões nessa campanha. Ele não trabalha mais. Quando eu era presidente e fui candidato à reeleição, a gente só saía para fazer campanha depois das 18h. E ele passa o dia inteiro fazendo campanha. Ele não tem limite. Então o que ele fez ontem, desesperado, convocar uma reunião, tentar falar com militares, é um pouco de desespero dele”.

Questionado sobre a possibilidade de adiar as eleições, ideia que tem circulado em núcleos bolsonaristas, o ex-presidente refutou a ideia e disse que Bolsonaro tem o “direito de espernear” à vontade.

“Não pode ser sério alguém falar em adiamento das eleições, que tem que fazer uma PEC. Vai ser votada quando? Ano que vem? É um absurdo. A pessoa na verdade não tem o que falar e falou uma bobagem dessa. A gente não pode aceitar essa discussão. As eleições serão no domingo, todo mundo está preparado para votar, o povo já está decidido. Quem vai votar no Bolsonaro vai votar no Bolsonaro, quem vai votar no Lula vai votar no Lula. Nós na verdade temos que disputar algumas pessoas que estão indecisas ou que votaram em branco e nulo. No restante, é o direito de votar, de espernear, de quem está percebendo de que vai perder as eleições. O Bolsonaro está ciente de que vai perder essas eleições, está ciente de que o povo já está tomando uma decisão. Ele acompanha pesquisa, estuda pesquisa, encomenda pesquisa e sabe que ele vai perder essas eleições porque o povo está precisando de mudança. O povo quer um Brasil mais alegre, com esperança, com prazer de ser brasileiro. O povo quer um país que distribua livros, e não armas, que distribua emprego. Os servidores públicos não receberam nenhum reajuste de salário desde 2017. É uma coisa absurda. E o povo quer mudar. O presidente Bolsonaro tem o direito de espernear, de recorrer, de processar. E vamos tocar, porque a vida segue”.