Mundo – Cientistas chineses e australianos afirmam ter encontrado cinco vírus “provavelmente patogênicos para humanos ou gado” em morcegos no sul da China. Um deles, o BtSY2, tem características semelhantes ao Sars-CoV-2, causador da Covid-19, e ao Sars.

A descoberta foi publicada em um artigo em versão de pré-print, ainda sem revisão de pares, na plataforma bioRxiv, na quarta-feira (25/11).

Os pesquisadores da Universidade Sun Yat-sen e do Instituto de Controle de Doenças Endêmicas de Yunnan, ambos na China, e da Universidade de Sydney, na Austrália, alertam para a possibilidade de surgimento de novas doenças zoonóticas – causadas por vírus que passam de animais para humanos.

A equipe coletou amostras de secreção do reto de 149 morcegos de 15 espécies diferentes, em seis condados ou cidades da província de Yunnan, que faz fronteira com Laos e Mianmar. O RNA de cada uma das amostras foi extraído e sequenciado.

Observou-se uma alta frequência de infecção simultânea de diferentes vírus em um único morcego. Quando isso ocorre há maior probabilidade de haver recombinação genética, situação que ocorre quando os vírus trocam pedaços de seu código genético e formam novos patógenos.

Semelhante ao Sars-CoV

O estudo mostrou que o BtSY2 possui uma parte importante da proteína Spike, a mesma que é usada pelo Sars-CoV-2 para se ligar às células humanas.

De acordo com os pesquisadores, é provável que o vírus seja capaz de utilizar o ACE2, um receptor existente na superfície das células humanas, para invadir essas estruturas e se replicar.

“Identificamos cinco espécies virais que provavelmente são patogênicas para humanos ou animais, incluindo um novo coronavírus recombinante do tipo Sars que está intimamente relacionado ao Sars-CoV-2 e ao Sars-CoV”, disse a equipe no artigo.

A província de Yunnan é conhecida como um ponto crítico para o surgimento de vírus transmitidos por espécies de morcegos. Por lá já foram identificados o RaTG1313 e o RpYN0614, parentes próximos do Sars-CoV-2. A região também abriga pangolins, animais que são consumidos na China e usados ​​na medicina tradicional.

Fonte: Metrópoles