BRASIL – Um entregador de aplicativo de comida denuncia ter sido ameaçado por um cliente armado após negar a subir no apartamento com o pedido. O caso aconteceu na noite de sábado (10), no Condomínio Viamar Residence Club, localizado na Estrada Velha de Maricá, em Várzea das Moças, em Niterói, Região Metropolitana do Rio. A 81ª DP (Itaipu) investiga o caso.

Leonardo Muniz Soares, de 28 anos, foi acionado às 21h de sábado (10) para entregar um lanche no condomínio. No local, ele pediu que o porteiro informasse à cliente, Adriana Sodré, que ela descesse para buscar a encomenda. A mulher teria reclamado ao telefone e, minutos depois, desceu muito alterada dizendo: “Todo mundo sobe, só você que não quer subir?”

Leonardo, então, explicou que o regulamento do iFood não obriga o entregador subir ao apartamento do cliente para concluir a entrega. Além disso, ele havia feito uma cirurgia na região do quadril há seis meses e estava com dificuldades de andar.

“Está na diretriz da plataforma, nós não somos obrigados a subir até o apartamento. A cliente desceu me xingando, falando que era um absurdo, dizendo que todo mundo subia. Ela mora no último bloco do condomínio, eu teria que ir andando até lá, sendo que ela poderia buscar na portaria”, explica o trabalhador.

Leonardo, então, pediu o código de verificação para concluir a entrega do lanche à Adriana, que se recusou a dar a informação e ligou para o marido. Com a recusa, Leonardo levou o lanche de volta. Ao chegar no estabelecimento para devolver a encomenda, por volta das 22h, o entregador viu Adriana e o marido na porta do restaurante, na Estrada Francisco Nunes da Cruz, em Itaipu, em Niterói.

Em seguida, o homem, não identificado, apontou uma arma para a vítima. Segundo testemunhas, o marido da cliente tentou disparar algumas vezes contra Leonardo, mas a arma teria falhado. Adriana também teria se colocado na frente do companheiro para impedi-lo de atirar.

Assustado, o entregador tentou correr, mas esbarrou em uma moto e caiu, sofrendo ferimentos leves. Um outro colega de trabalho o socorreu e o retirou do local. O amigo de Leonardo o levou para o DPO do Cafubá, também em Niterói, onde os dois pediram ajuda aos policiais militares de plantão. Os entregadores e os agentes foram até o restaurante, mas o casal já havia ido embora.

“Eu estou muito traumatizado, não estou conseguindo trabalhar. Alguns colegas que ficam na frente desse restaurante onde tudo aconteceu me falaram que no domingo um carro preto passou por eles fazendo fotos das placas das motos. Eu trabalho como motoboy há dez anos, estou há três meses no iFood, e nunca pensei que isso fosse acontecer comigo. Eu tenho duas filhas e uma mulher, tenho família para sustentar, não posso ficar sem trabalhar, mas como volto com essa ameaça?”, disse.

Assista:

Entregador não é obrigado a subir até o apartamento, informa iFood

Segundo o iFood, a obrigação do entregador é entregar no primeiro ponto de contato que existe na residência da pessoa. Se for no condomínio, esse ponto é a portaria. “Essa é a recomendação dada para os entregadores e a comunicação passada para os consumidores”, explica Diego Barreto, vice-presidente de estratégias e finanças do iFood.

“Não existe obrigatoriedade de o entregador subir nos apartamentos, mas recomendamos que os clientes desçam para receber o pedido”, completa Juliana Pencinato, head de Driver Safety do iFood. Ainda de acordo com a plataforma, esse mecanismo não só agiliza a entrega em si como demonstra respeito ao trabalho do entregador, que só pode fazer a seguinte entrega depois de finalizar aquela.

O iFood informou que apura o caso da reportagem e que em breve se pronunciará sobre as medidas que serão tomadas: “O iFood não tolera, de jeito nenhum, o uso da violência, seja ela física ou verbal. Tomamos ciência do caso e estamos apurando internamente o ocorrido para tomar as medidas cabíveis nesse caso.”