Brasil – A Petrobras reduzirá em 5,3% o preço médio da gasolina nas suas refinarias a partir de sábado, para o menor valor nominal desde o início de 2021, o que poderá compensar para os consumidores, em alguma medida, uma reoneração de tributos federais nos combustíveis do Brasil.

A redução do valor também deverá manter a competitividade da gasolina frente ao etanol hidratado em momento de volta integral do PIS/Cofins. O consumo do biocombustível, que conta com uma menor carga tributária, poderia ganhar um ligeiro impulso não fosse o movimento da Petrobras, segundo especialistas.

A gasolina da empresa passará a valer em média 2,52 reais por litro a partir de sábado, informou nesta sexta-feira um comunicado da estatal, lembrando que o preço ao distribuidor não considera impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro de até os revendedores.

Após três reduções na gasolina da Petrobras desde meados de maio, o valor de venda do produto da empresa será o menor, em termos nominais (sem considerar a inflação), desde os 2,48 reais registrados em fevereiro de 2021, quando o mercado vinha se recuperando da pandemia de Covid-19, conforme dados da empresa compilados pela Reuters.

As ações da petroleira tiveram queda acentuada de quase 5% nesta sexta-feira, após as notícias do reajuste nos preços, mas o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reiterou que a decisão se baseia nas variáveis econômicas e comerciais dos produtos e do petróleo bruto nos mercados brasileiro e internacional.

Em mensagem no Twitter, ele destacou que a redução na gasolina seguiu “nossos próprios critérios empresariais que nos garantem a devida lucratividade e as participações nos mercados regionais”.

Com a redução do preço, o valor do combustível da Petrobras ficou “muito próximo” do registrado no mercado internacional, disse o Head na área Petróleo, Gás e Renováveis da consultoria Stonex, Smyllei Curcio.

Segundo ele, o retorno dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol “por si só já traria melhora pouco significativa para a competitividade do etanol”.

Mas, conforme análise da StoneX, com a redução do preço da Petrobras, cai ainda mais a competitividade do etanol.

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araujo, concordou que a redução da gasolina “comprime a competitividade do etanol”, que já vem registrando queda nas vendas no acumulado do ano pelo fato de o combustível fóssil estar mais vantajoso para motoristas na maior parte do país.

Araujo disse ainda que essa redução anunciada pela Petrobras “não faz sentido sob o ponto de vista técnico”, já que o preço médio da empresa já estava abaixo da paridade internacional.

“Com essa nova política, a Petrobras não tem mais compromisso de acompanhar a paridade, mas o que se espera de uma empresa listada é que acompanhe os preços das commodities”, disse Araujo.

Ele avaliou que objetivo da redução é muito mais diminuir “um pouco o impacto do retorno dos tributos federais”.

A Argus, empresa de consultoria que realiza levantamento de preços e outros serviços, lembrou que a nova política de preços da Petrobras dá uma ênfase no cenário de oferta, tendo como objetivo a manutenção da competitividade dos preços da companhia frente às principais alternativas de suprimento dos seus clientes.

“Este fato explica a decisão da Petrobras de reduzir seus preços a fim de evitar uma inflexão do consumo e um aumento da inflação”, disse Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus.

Para o advogado Eduardo Barreto, do escritório Buttini Moraes, o corte de preços da Petrobras tenta se contrapor a essa volta da tributação federal, “que será pesada”.

Ele citou ainda decisão desta sexta-feira do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de aumentar a alíquota do ICMS sobre o etanol de 9,57% para 12% a partir de sábado.

“Uma vez que o Estado de São Paulo é forte consumidor de etanol, certamente essa medida terá impacto inflacionário relevante”, destacou.

GÁS DE COZINHA

A Petrobras ainda divulgou nesta sexta-feira que valor de venda do GLP (gás de cozinha) cairá 0,10 real por kg, uma queda de 3,9%.

O produto passará de 2,5356 reais para 2,4356 reais por kg, equivalente a 31,66 reais por botijão de 13 kg, disse a empresa, observando que o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no ponto de venda também depende dos outros fatores.

Fonte: Reuters