Brasil — O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, nesta segunda-feira (7/8), que tenha usado parte dos R$ 17 milhões que arrecadou de eleitores via Pix para fazer repasses à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a outros parentes. A arrecadação fez parte de uma campanha para ajudar o ex-presidente a quitar multas com o estado de São Paulo por não usar máscara durante a pandemia.

Bolsonaro esteve em São Paulo nesta segunda-feira para um almoço com o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), que deve receber seu apoio nas próximas eleições. Ele falou com jornalistas na sede da Prefeitura.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que Bolsonaro mandou R$ 56 mil a Michele, R$ 77 mil à Leda Maria Marques Crivelatti, síndica do condomínio onde vive o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho 03, R$ 12 mil ao tenente do Exército Osmar Crivelatti e R$ 14 mil à lotérica Jonatan e Felix, de Eldorado, interior de São Paulo.

O ex-presidente confirmou todos os pagamentos, mas disse que eles ocorreram no período de janeiro a junho, antes do início da vaquinha do Pix, que começou “em meados de junho”, segundo Bolsonaro.

No caso de Michelle, Bolsonaro disse que repassou os valores porque é ela quem administra suas contas. “Acho que passei pouco para ela. Ela quem paga as contas de quase tudo. Qual é o problema que passei R$ 56 mil para ela em seis meses?”

No Twitter, o ex-presidente disse ainda que o dinheiro foi usado “para despesas diversas dela, das 2 filhas e da casa”. “Recebo 2 aposentadorias e salário do PL”, escreveu.

No caso de Leda, Bolsonaro afirmou que o fato de ela morar no mesmo condomínio é uma coincidência, e que o repasse se deu porque ela é dona de um imóvel que ele aluga. “Ela que é a dona da casa que eu pago aluguel de mais ou menos R$ 13 mil mensais”.

Cota de ex-presidente

Já Crivelatti é um dos oito assessores que o Bolsonaro tem direito a manter como ex-presidente e teria recebido os recursos para pagar despesas pessoais do ex-presidente. “Esse senhor não é parente meu, ele é um dos meus assessores, desde 01/janeiro, lotado na cota de ‘ex-presidente’. O mesmo, por vezes, honra despesas minhas e eu o reembolso via Pix”, postou no Twitter.

Sobre os R$ 14.260 enviados à lotérica de seu irmão, Ângelo Guido Bolsonaro, que fica no interior de São Paulo, o ex-presidente afirmou que foram usados para fazer apostas na Mega-Sena.

“Eu jogo na Mega-Sena. Eu estou em casa, ligo para ele (um sobrinho do ex-presidente). Se vocês pegarem esses valores, dos 17 Pix, um a um, são múltiplos de jogos de sete dezenas, por coincidência. Agora está em R$ 35 o jogo de sete números”, disse o ex-presidente. “Já fiz duas quadras”, complementou.

Pedras preciosas

O ex-presidente comentou também as suspeitas de que teria recebido pedras preciosas de um apoiador enquanto esteve em Teófilo Otoni (MG) em outubro de 2022, e que elas teriam sido usadas para financiar os ataques de 8 de janeiro.

Bolsonaro nega que distribuiu o que arrecadou via Pix para família
Bolsonaro admitiu o recebimento das pedras, mas disse que elas não tinham valor significativo e que não sabia onde elas estão.

“A própria pessoa que me presenteou se apresentou publicamente, um advogado, e diz que as pedras valem R$ 400”, disse Bolsonaro.

Na semana passada, a CPI que apura os ataques de janeiro pediu que a Procuradoria-Geral da República (PRG) investigasse o caso, a partir de e-mails obtidos com o ex-ajudante de ordens do presidente Mauro Cid.

Fonte: Metrópoles