BRASIL – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou, nesta segunda-feira (14), mudanças nas compras parceladas “sem juros” no cartão de crédito, ao menos por ora. Um grupo de trabalho estuda alternativas para solucionar a inadimplência e as altas taxas cobradas no crédito rotativo, que em junho alcançaram 437,3% ao ano. A ideia do fim do parcelamento seria defendida pelos bancos.

No rotativo, o consumidor pode optar por adiar parte da fatura para o mês seguinte, pagando apenas um valor mínimo. Como os juros são elevados, muita gente acaba não conseguindo quitar a dívida.

“Nosso foco é o crédito rotativo. Tenho o compromisso dos bancos de que essa mesa de negociação tem prazo para terminar”, afirmou Haddad, referindo-se ao grupo de trabalho criado para tratar a questão. Participam do grupo representantes do ministério da Fazenda, do Banco Central, da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IBV).

O grupo estabeleceu o prazo de 90 dias para apresentar uma proposta, que pode incluir o fim do rotativo. As negociações envolvem também o diálogo com o Congresso sobre o assunto, uma vez que existe, na Câmara, um Projeto de Lei tratando do assunto. O grupo de trabalho, segundo Haddad, mantém conversas com tanto com o autor do PL, Elmar Nascimento (União-BA) e com o relator, deputado Alencar Santana (PT-SP).

O tema do parcelamento sem juros foi colocado em público na quinta-feira da semana passada, quando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falando em sessão no Senado, afirmou que, além do rotativo, seria necessário resolver o parcelamento em muitas vezes sem juros, que aumenta o risco dos bancos. A ideia, segundo ele, seria criar mecanismos para “desincentivar” o parcelamento sem juros em prazos tão longos.”A gente tem um parcelado sem juros, que ajuda muito o comércio, que ajuda muito a atividade, mas que tem aumentado muito o número de parcelas, de três para cinco, para sete, para nove, para onze. Hoje, o prazo médio são 13 parcelas. Então, é como se fizessem um financiamento de longo prazo sem juros”, comentou Campos Neto.