Brasil – Em uma artigo publicado nesta terça-feira, 27, no jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista José Fucs fez uma análise do ato pela democracia e lembrou das declarações de opositores de Jair Bolsonaro sobre a suposta morte política do ex-presidente.

Para Fucs, mesmo que tenham tentado “lacrar o caixão” de Bolsonaro, o sucesso do ato pela democracia na Avenida Paulista deixa em evidência que ele, assim como um gato, parece ter “sete vidas”.

Embora o ex-presidente esteja inelegível e correndo o risco de ser preso, é pouco provável que os apoiadores de Bolsonaro deixem o caminho livre para que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT e seus aliados tomem conta do país, afirma o jornalista.

“A manifestação, que reuniu de 600 mil a 750 mil pessoas, segundo aSecretaria de Segurança de São Paulo (SSP), mostrou que o ex-presidente ainda tem uma popularidade e uma representatividade significativas na sociedade, inclusive nas faixas de menor renda, e um respaldo considerável no exterior, de onde vieram diversas manifestações de apoio a ele”, escreve Fucs.

Para o colunista, querer ignorar ou negar seu protagonismo no cenário político nacional, achando que basta enquadrá-lo como “golpista”, “fascista”, “nazista” e “extrema direita” para derrubá-lo, é fechar os olhos a um fenômeno cuja compreensão é fundamental para qualquer análise séria que se faça hoje da correlação de forças políticas no país.

Manifestação na Paulista foi além de apoio a Bolsonaro, diz colunista do Estadão

No texto, Fucs ainda afirmou que milhares de pessoas que não podem ser consideradas como “bolsonaristas raiz” e “golpistas” também participaram do ato, “sem receber sanduíche de mortadela ou qualquer tipo de remuneração para estar presentes, como acontece, muitas vezes, em manifestações realizadas pelos sindicatos e pelo PT”.

Isso deixa em evidência que, mesmo que o ato tenha sido convocado por Bolsonaro para fazer sua defesa pública das acusações que lhe são imputadas, a manifestação acabou indo além de uma simples demonstração de apoio por parte de seu eleitorado.

Ainda que ninguém portasse faixas e cartazes com palavras de ordem, como em qualquer manifestação, num sinal evidente do nível a que chegaram a censura e a autocensura no Brasil, “não é preciso ser PhD em ciência política” para saber o que levou “essa turma toda” à Paulista, analisa o colunista do Estadão.

“Eles estavam lá para protestar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os rumos do governo petista e tudo-isso-que-está-aí, mesmo que, para muitos, Bolsonaro esteja longe, muito longe, de representar o perfil ideal para comandar o país ou liderar a direita, no sentido mais amplo do termo, daqui para a frente”, afirma Fucs.

O jornalista também diz que Lula está superestimando seu capital político e se esquecendo de que não teria sido eleito sem o apoio do frentão que reuniu as forças de centro-esquerda, de centro e até setores de centro-direita “pela democracia”, com o objetivo de derrotar Bolsonaro.

Para Fucs, ao querer impor a embolorada agenda adotada em governos anteriores do PT, que jogou o país na maior recessão de que se tem notícia, e ao ressuscitar a política externa que “passa pano” para terroristas e ditadores sanguinários, Lula está perdendo até o apoio daqueles que votaram nele de “nariz tampado” e “turbinando sua própria rejeição, que só tende a crescer se ele continuar seguindo por este caminho”.

Fonte: Revista Oeste