Brasil – Um filho teve contato com o pai após três dias do desaparecimento dele na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, no domingo (5). Douglas Camboim de Vargas, de 24 anos, estava sem notícias de Claudio Márcio Camboim de Vargas, 52, desde a última sexta-feira (3). O jovem revelou ao Uol que Cláudio passou três dias bebendo só água, isolado em casa. O Rio Grande do Sul sofre há mais de uma semana com fortes chuvas que causam alagamentos e desabamentos em todo o Estado.

“Meu pai decidiu permanecer em casa e cuidar das coisas. Naquele momento não tínhamos dimensão do que estava por vir”, disse o recepcionista. A cidade está com 60% do território debaixo d’água desde a última quarta-feira (1º). O nível da água já superou o terceiro andar do imóvel.

A família deixou o apartamento no quinto andar onde moravam na quarta para irem ao hotel onde Douglas trabalha. Cláudio optou por ficar, temendo que o local fosse invadido por criminosos.

“Foi tudo muito rápido, o nosso prédio já estava com vazamento de gás, pessoas desesperadas, muitas crianças chorando”, relembrou. No sexta, o hotel onde ele trabalha começou a inundar e Douglas, a mãe e irmã deixaram o local.

Como foi o resgate

Cláudio foi resgatado no domingo de barco e encaminhado a um abrigo. O homem de 52 anos estava três dias sem comer.

“Canoas está sem água, todas as vias estão obstruídas, agora já não temos água nem para beber. No domingo já estávamos esperando o pior. Fomos para a casa da minha tia, que mora num local mais seguro, mas o meu pai não estava em lugar nenhum. Busquei em muitos abrigos, recebi notícias de criminosos assaltando barcos, vi corpos boiando. Uma situação desesperadora”, revelou Douglas.
Perdas só poderão ser calculadas em duas semanas

Conforme a Prefeitura de Canoas, a previsão é que o nível de água comece a escoar em duas semanas. A partir daí, as perdas poderão ser calculadas.

Pelo menos 180 mil pessoas foram atingidas pela tragédia que acomete a cidade. “Recebemos mais de 63 mil pedidos de resgate”, disse a prefeitura em nota enviada ao Uol.
Tragédia no RS

Pelo menos 83 pessoas morreram e 111 estão desaparecidas devido à tragédia, segundo balanço divulgado pela Defesa Civil nesta segunda. Mais de 360 municípios foram afetados.

A situação fez com que ruas do centro histórico de Porto Alegre ficassem inundadas, além dos centros de treinamento do Internacional e do Grêmio.

Embora o aeroporto de Porto Alegre esteja fechado, os aeroportos de Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas e Santo Ângelo seguem operando, mas podem ser impactados pelas condições meteorológicas no Estado, de acordo com a Abear.

Pelotas é um dos municípios com alerta de inundações nos próximos dias, diante do aumento de nível da Lagoa dos Patos.

Fonte: Diário do Nordeste