Desde as eleições presidenciais na Venezuela, em 28 de julho, a missão independente da ONU registrou 23 mortes e a prisão de 1.260 pessoas, incluindo cem crianças e adolescentes. A população do país tem protestado contra a ditadura de Nicolás Maduro, declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) sem a divulgação das atas eleitorais.
A missão da ONU, estabelecida em 2019 para investigar violações de direitos humanos, alertou sobre a intensificação da repressão no país. “O governo da Venezuela deve interromper imediatamente a crescente repressão que está abalando a nação e investigar profundamente as graves violações de direitos humanos em curso”, declarou a missão.
A equipe da ONU identificou uma repressão brutal do regime aos protestos pós-eleitorais, dirigida por autoridades de alto escalão, criando um clima de medo generalizado. Entre 28 de julho e 8 de agosto, 18 das 23 vítimas fatais foram jovens do sexo masculino com menos de 30 anos, mortos por disparos de armas de fogo.
Marta Valiñas, presidente da missão, pediu investigações rigorosas sobre as mortes e que, se comprovado o uso abusivo da força letal pelas autoridades ou a participação de civis armados, os responsáveis sejam punidos.
Prisões Arbitrárias na Venezuela
A missão da ONU concluiu, com base em informações de organizações de direitos humanos, que as 1.260 prisões na Venezuela compartilham características comuns: audiências virtuais sumárias, acusações graves como terrorismo e conspiração sem provas suficientes, e a negação de acesso a informações e advogados para os familiares dos detidos.
Entre os presos estão membros de partidos de oposição, jornalistas e defensores dos direitos humanos. A missão também recebeu relatos alarmantes sobre a prisão de mais de cem crianças e adolescentes, acusados dos mesmos crimes graves que os adultos, sem a presença dos pais ou tutores durante os procedimentos judiciais.