A crescente gravidade e a rapidez com que os incêndios florestais têm se espalhado pelo Brasil e pela Bolívia nas últimas semanas levaram os dois países a formarem uma força-tarefa conjunta para combater as chamas na região fronteiriça.

O acordo de cooperação foi estabelecido nesta segunda-feira (26), durante uma reunião em Corumbá (MS), com a participação de representantes dos governos e de órgãos públicos de ambos os países.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as autoridades bolivianas formalizarão nos próximos dias um pedido de apoio ao governo brasileiro. Com base nisso, os dois países realizarão um reconhecimento aéreo das áreas atingidas pelos incêndios para determinar a melhor estratégia de combate.

Com as informações obtidas, Brasil e Bolívia assinarão um protocolo de atuação conjunta, detalhando como as equipes serão empregadas na região de fronteira para combater os incêndios.

O vice-ministro de Defesa Civil da Bolívia, Juan Carlos Calvimontes, presente na reunião, confirmou a intenção de ambos os governos de unir forças para controlar as chamas. Em suas redes sociais, Calvimontes destacou que, durante o encontro, os representantes trocaram informações sobre a situação atual, identificando os principais focos de incêndio na área de fronteira e discutindo possíveis ações conjuntas.

“Ficou decidido que realizaremos um trabalho conjunto”, afirmou o vice-ministro em uma entrevista coletiva, classificando a reunião em Corumbá como uma “coordenação técnica e troca de informações sobre os incêndios florestais” no Brasil e na Bolívia. “Identificamos as zonas onde há fogo ativo nos dois países e agora seguimos com o planejamento das ações.”

Assim como no Brasil, a Bolívia também enfrenta incêndios florestais de grandes proporções. A região de Santa Cruz e outras áreas próximas à fronteira com o Brasil estão entre as mais afetadas. Até ontem, pelo menos duas unidades de conservação bolivianas, o Parque Nacional Noel Kempff Mercado, em Santa Cruz, e a Reserva Nacional de Vida Silvestre Amazônica Manuripi, em Pando, estavam em chamas.

No Brasil, a Polícia Federal instaurou 31 inquéritos para investigar as causas dos incêndios e responsabilizar os envolvidos, enquanto na Bolívia já foram abertos 51 processos penais e 250 processos administrativos relacionados aos incêndios florestais. Quatro pessoas foram detidas preventivamente no país vizinho.

Ajuda brasileira

No dia 12, o governo da Bolívia solicitou ajuda ao Brasil para combater os incêndios florestais, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC). O pedido incluía o envio de aviões, brigadistas e bombeiros brasileiros para auxiliar no controle das chamas.

No entanto, neste domingo (25), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, informou que o Brasil não poderia atender ao pedido boliviano.

“A Bolívia está em uma situação muito difícil e, inclusive, nos pediu ajuda, mas o Brasil já está utilizando todos os recursos disponíveis para lidar com os incêndios em nosso território”, explicou a ministra.