
O Shopping Iguatemi, um dos mais sofisticados centros comerciais de São Paulo, moveu uma ação judicial para despejar a loja Americanas de sua unidade localizada na avenida Brigadeiro Faria Lima. O motivo da ação, que tem um valor total de R$ 2,98 milhões, é o atraso no pagamento de aluguéis. Essa dívida foi arrolada no processo de recuperação judicial da Americanas, mas o shopping argumenta que os atrasos são apenas uma parte dos problemas.
De acordo com a ação, o Iguatemi afirma que a loja da Americanas tem estado desabastecida, com prateleiras vazias e desorganizadas, refletindo uma falta de estoque para atender à demanda do público que frequenta o shopping. Além disso, o desempenho da loja tem sido muito inferior ao de outras lojas do mesmo porte dentro do Iguatemi, com uma queda significativa nas vendas nos últimos anos. Comparando com 2013, por exemplo, as vendas da Americanas em 2023 caíram 26%, e o ano de 2024 segue a mesma tendência.
O shopping, administrado pelo grupo Jereissati, quer retomar o imóvel para implementar um projeto de remodelação que permitirá a construção de sete novas lojas, uma iniciativa que, segundo os advogados do Iguatemi, traria um ganho potencial de aproximadamente R$ 24 milhões em quatro anos. O Iguatemi já tem interessados no espaço e argumenta que a manutenção da Americanas no local não se alinha mais com o seu posicionamento atual de centro comercial de luxo, que abriga grifes como Hermès, Hugo Boss e Valentino.
A Americanas, por sua vez, propôs a renovação do contrato de locação pelo valor de R$ 180 mil mensais, uma redução em relação ao aluguel atual de R$ 248.228,15, mas essa proposta foi rejeitada pelo Iguatemi. A defesa da Americanas afirmou que a loja continua operando normalmente e que já apresentou sua defesa contra a ação. Além disso, a companhia alega que os créditos relacionados à recuperação judicial estão sendo tratados conforme o cronograma de pagamentos aprovado pelos credores.
Especialistas no setor de varejo apontam que a crise da Americanas, intensificada pela descoberta de uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões, impactou profundamente a sua operação, especialmente em lojas como a do Iguatemi, que, apesar de estar em um shopping de luxo, não conseguiu se adaptar ao novo perfil de consumo dos frequentadores. O mix de produtos da Americanas, que antes atraía um grande público, hoje é considerado ultrapassado, o que contribuiu para o distanciamento do público-alvo do Iguatemi.