O general Richard Nunes, atual chefe do Estado-Maior do Exército, depôs nesta quarta-feira (9) ao STF sobre o homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Ele afirmou que nenhuma linha de investigação foi descartada desde o início, incluindo o ex-PM Ronnie Lessa, que se declarou executor do crime.

Nunes prestou depoimento como testemunha de defesa na ação penal contra o delegado Rivaldo Barbosa, acusado de ajudar a planejar o crime e de atrasar seu esclarecimento, o que ele nega. Os mandantes do crime seriam os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, conselheiro do TCE-RJ e deputado federal, respectivamente.

Em seu testemunho, o general contradisse a narrativa da Polícia Federal, que sugeria que Lessa só se tornou um foco após Rivaldo sentir pressão para solucionar o caso. Nunes declarou: “Nenhuma linha de investigação foi abandonada. Nomes como Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz sempre estiveram entre os investigados.”

O oficial também revelou que se reunia regularmente com Rivaldo e o delegado Giniton Lages, responsável pela apuração do caso, mas não tinha acesso aos detalhes das investigações. Ele mencionou que os delegados desconfiaram desde o início do depoimento do ex-PM Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, que indicou outros suspeitos.

Além disso, o general negou que tenha sofrido interferência política na nomeação de Rivaldo, como alegado pela polícia.

Os irmãos Brazão, segundo a PF e a PGR, teriam encomendado a morte de Marielle devido a desavenças políticas e à atuação da vereadora em relação a interesses comerciais ilegais. Domingos Brazão criticou a investigação, afirmando que os investigadores fizeram uma “maldade” e não buscaram a verdade.

Os depoimentos de testemunhas continuarão no dia 17, com os interrogatórios dos réus agendados entre os dias 21 e 25.