Manaus – O TBT de hoje é sobre é sobre os Casos de ‘fura-fila’ na vacina da Covid em Manaus, envolvendo o atual prefeito David Almeida (Avante), que causou polêmica e revolta em todo o Brasil.

Vale recordar, que o secretário de Limpeza Urbana (Semulsp) de Manaus, Sabá Reis, causou polêmica por ter sido um dos primeiros a tomar o imunizante na capital e supostamente furar a fila preferencial, no dia 19 de janeiro de 2021.

Tentando abafar o fato na época, a prefeitura informou que ele é diabético e necessitou de atendimento médico, o que o fez viajar para São Paulo em função da superlotação dos hospitais de Manaus. Na capital paulista, o secretário teve febre e foi submetido ao teste de Covid-19 no domingo (24), que apresentou resultado positivo.

Pedido de Prisão

No mesmo ano durante milhares de casos e mortes por Covid na capital amazonense, o Ministério Público (MP) do Amazonas pediu a prisão do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e da secretária de Saúde do município, Shadia Fraxe, como medida cautelar da investigação sobre irregularidades na aplicação da vacina contra a Covid-19. A solicitação também pediu na época o afastamento imediato de Almeida e Shadia de seus cargos na prefeitura.

Porém, em contrapartida, o desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas, José Hamilton Saraiva dos Santos, declinou da competência de julgar o caso, soo o argumento de que a vacinação, financiada com verbas do governo federal, competia à Justiça Federal.

David Almeida disse, em nota, que a investigação transcorria de maneira “ilegal e arbitrária” e que “ingressaria com as medidas cabíveis contra os responsáveis”.

O MP não parou com as apurações e revelou denúncias de favorecimentos a pessoas que teriam furado a fila de distribuição do imunizante. A suspeita da promotoria é que membros do primeiro escalão da prefeitura foram vacinados, fora da lista de prioridades. Além disso, a acusação é que o próprio prefeito teria atuado, junto com a secretária de Saúde, para incluir dez médicos no rol de contratados da rede municipal, às vésperas da vacinação.

Irmãs Lins

As filhas do empresário Nilton Costa Lins Júnior, alvo de operação da Polícia Federal (PF) que apura fraude em licitação do governo estadual do Amazonas, foram denunciadas em 2021, no ápice da pandemia em Manaus, por improbidade administrativa acusadas de furarem a fila da vacinação contra a Covid-19 no estado. Isabelle e Gabrielle Kirk Maddy Lins são gêmeas, e na época tinha 25 anos.

Além disso, Isabelle e Gabrielle são sócias da Ing Ferradurinha, que foi criada, segundo o site da própria empresa, com o nascimento das duas “menininhas gêmeas”. O irmão delas, Nilton Costa Lins Neto também tem partes na empresa.

Naquele ano, as médicas eram recém-formadas e receberam a primeira dose da vacina em 19 de janeiro, na Unidade Básica de Saúde (UBS). As irmãs postaram registros da aplicação do imunizante em uma rede social.

Elas foram nomeadas, no entanto, nas vésperas da imunização como gerente de projetos na Secretaria de Saúde. As nomeações foram assinadas pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).

“Apesar de Gabrielle e Isabelle afirmarem que iniciaram as atividades médicas no dia 12/01/2021 e de o Decreto publicado ser retroativo a 01/01/2021, de forma falsa, como já mencionado, as provas indicam que a contratação se deu para o fim específico de burlar a fila de prioridades”, diz o MPAM.

Em fevereiro, a Prefeitura de Manaus exonerou sete dos 10 servidores da Secretaria Municipal de Saúde local investigados na ação do Ministério Público do Amazonas por furarem a fila da vacinação contra a Covid-19. Entre os exonerados, estão as gêmeas Isabelle e Gabrielle Lins.

Nomeações sob suspeita

As nomeações feitas por David Almeida foram feitas nos dias 18 e 19 de janeiro de 2021 e, de acordo com o pedido de prisão elaborado pelo MP envolveram um cargo intitulado Gerente de Projeto. Recém-contratados, os dez médicos foram nomeados para essa função que, originalmente, não atua na linha de frente dos hospitais. Para a promotoria, no entanto, David Almeida teria inserido uma declaração falsa nas contratações para incluir o exercício da Medicina nas atribuições dos profissionais contratados. Com o registro de que atuavam como médicos, ainda que seus cargos fossem de natureza administrativa, as dez pessoas puderam se vacinar.

Os médicos são investigados, assim como membros do secretariado de Almeida que teriam furado a fila para se vacinar. Entre eles, estão os secretários Sebastião da Silva Reis (Limpeza Urbana) e Jane Mara Silva de Moraes (Mulher, Assistência Social e Cidadania). O MP também mira outros membros da administração sob a mesma suspeita. É o caso de Luís Cláudio de Lima Cruz (Subsecretário de Gestão e Saúde) e Djalma Pinheiro Pessoa Coelho, Stenio Holanda Alves e Clendson Rufino Ferreira, assessores da Saúde. Um empresário e sua mulher, junto com uma advogada, também teriam sido beneficiados e entraram no radar do MP.

Nenhuma dessas pessoas integrariam o grupo prioritário para a vacinação, que inclui profissionais da linha de frente do combate à Covid-19 e idosos em situações excepcionais, como os que vivem em asilos. O favorecimento pode ser enquadrado como crime de peculato.

Primeiro mês no cargo

Em 2021, o atual prefeito David Almeida tinha tomado posse à frente da capital do Amazonas há apenas 27 dias. Deputado estadual por três mandatos consecutivos, a partir de 2006, e foi eleito presidente da Assembleia Legislativa do estado para os anos de 2017 e 2018.

Como integrava a linha sucessória do Executivo, Almeida passou a ocupar o cargo de governador em 2017, quando José Melo de Oliveira (PROS) e seu vice foram cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele ficou cerca de 150 dias à frente do estado. Na prefeitura da capital, sucede a gestão de Arthur Virgílio Neto (PSDB), após ter vencido a eleição do ano passado em segundo turno contra Amazonino Mendes (Podemos).

Entre suas promessas de campanha, Almeida incluiu programas de transparência e estabeleceu a meta de colocar Manaus no ranking das três cidades brasileiras referências no assunto, fato este que “NUNCA” aconteceu. Em 2018, a classificação adotada pela Controladoria Geral da União (CGU) posicionava a capital amazonense na 124ª posição do país.