Manaus – O apresentador Sikêra Jr. foi condenado a dois anos de prisão por incitação ao ódio contra a comunidade LGBTQIAPN+. A sentença, proferida pela juíza Patrícia Macedo de Campos, foi convertida em medidas restritivas de direitos, e cabe recurso.

A decisão atende à denúncia apresentada pelo Ministério Público, representado pela promotora Lucíola Valois Honório Coelho Veiga Lima. Segundo a acusação, Sikêra teria promovido discursos discriminatórios em duas edições do programa Alerta Nacional, veiculadas em 18 e 25 de junho de 2021.

Durante os episódios citados, Sikêra Jr. fez comentários como: “Já pensou ter um filho viado e não poder matar?” e “Vocês não têm filhos, vocês não vão ter filhos, vocês não reproduzem e querem acabar com a minha família.” Ele também usou expressões ofensivas, como “raça do cão” e “bando de safado”, em referência à comunidade LGBTQIAPN+.

Os comentários foram feitos no contexto de uma crítica a uma campanha publicitária do Burger King, que abordava a aceitação de casais homoafetivos e incluía depoimentos de crianças. A repercussão foi imediata, dividindo opiniões e gerando indignação em diversos setores da sociedade.

Em sua defesa, Sikêra alegou que suas palavras foram mal interpretadas e que sua crítica era direcionada à campanha publicitária. Segundo ele, a peça teria um “viés ideológico” que não representava os valores de grande parte da sociedade brasileira.

A decisão judicial destacou que, ainda que o apresentador tenha discordâncias pessoais sobre orientação sexual ou conteúdos publicitários, isso não o autoriza a disseminar discursos de ódio ou ofensas. A juíza enfatizou que a liberdade de expressão não deve ser utilizada como justificativa para discriminação.

A pena de prisão foi substituída por medidas restritivas de direitos, cujo cumprimento ainda será determinado. O caso é mais um exemplo de como discursos públicos podem resultar em responsabilizações legais, especialmente quando ultrapassam os limites do respeito e da dignidade.

O apresentador ainda não se pronunciou oficialmente sobre a condenação.