Italian visual artist Maurizio Cattelan's duct-taped Banana entitled "Comedian," is on display during a media preview at Sotheby's in New York, on November 8, 2024. A work by Belgian painter René Magritte, another by American Ed Ruscha and a vulgar banana are the stars that could set records for their authors in the art auctions that begin this week in New York in a market that hopes to overcome last year's slump. The two main houses Sotheby's and Christie's compete from November 18 with a rich offer in which the greatest exponents of 20th and 21st century painting abound, such as Picasso, Magritte, Matisse, Miró, Kankinsky, Moore, Ruscha, Basquiat, Carrington, Rothko, Lichtenstein, Giacometti or Haring. (Photo by kena betancur / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY MENTION OF THE ARTIST UPON PUBLICATION - TO ILLUSTRATE THE EVENT AS SPECIFIED IN THE CAPTION / TO GO WITH AFP STORY BY Ana FERNANDEZ: "Magritte, Rucha and... a banana, in a bid to set new records at New York auctions"

Você pode comprar uma banana no supermercado por menos de US$ 1 (cerca de R$ 5,80), mas uma banana fixada na parede? Essa obra de arte pode ser vendida por mais de US$ 1 milhão em um próximo leilão da Sotheby’s em Nova York. A peça, chamada Comediante, é do artista italiano Maurizio Cattelan e consiste em uma banana amarela colada com fita prata em uma parede branca.

A obra foi exibida pela primeira vez em 2019 na Art Basel Miami Beach, onde causou grande repercussão. Foi uma piada? Uma crítica à arte contemporânea? Durante a exposição, outro artista retirou a banana da parede e a comeu, sendo substituída por uma nova. A quantidade de pessoas tirando selfies ficou tão intensa que a obra foi removida, mas três edições de Comediante foram vendidas por valores entre US$ 120 mil e US$ 150 mil, segundo a galeria Perrotin.

Agora, a peça tem um valor estimado entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão (R$ 5,8 milhões a R$ 8,7 milhões) no leilão da Sotheby’s, marcado para 20 de novembro. David Galperin, chefe de arte contemporânea da casa de leilões, descreve a obra como profunda e provocativa.

“O que Cattelan faz é refletir o mundo da arte contemporânea, levantando questões sobre como atribuímos valor à arte e o que realmente define uma obra de arte”, diz Galperin. Os licitantes não adquirirão as mesmas bananas expostas em Miami, pois estas já não existem. A Sotheby’s afirma que a fruta será substituída regularmente, com a fita adesiva, e o que o comprador adquire é um certificado de autenticidade que permite a reprodução da banana e da fita na parede, como uma obra original de Cattelan.

O título da peça sugere que Cattelan provavelmente não a levou a sério. No entanto, Chloé Cooper Jones, professora de Artes da Universidade de Columbia, considera importante refletir sobre o contexto. Comediante foi exibida em uma feira de arte, frequentada por colecionadores ricos, onde provavelmente gerou grande atenção nas redes sociais. Isso poderia ser uma forma de provocar os colecionadores, desafiando-os a investir em algo aparentemente absurdo.

Se a peça for apenas uma crítica ao mundo capitalista e ao mercado de arte, Cooper Jones acredita que perde relevância. Porém, ela aponta que Cattelan tem uma abordagem única, misturando humor e elementos sombrios da história. “A banana, com sua ligação ao imperialismo e exploração, pode ser o símbolo perfeito do comércio global e suas desigualdades”, afirma Cooper Jones.

Se Comediante busca nos fazer refletir sobre a nossa cumplicidade na produção de objetos que tomamos como garantidos, então, segundo Cooper Jones, se torna uma ferramenta mais interessante.

A obra chega ao mercado ao lado de uma das icônicas pinturas Nenúfares de Claude Monet, que será leiloada pela Sotheby’s com um valor estimado em cerca de US$ 60 milhões (R$ 347 milhões). Quando Galperin foi questionado sobre como compararia Comediante a uma obra clássica de Monet, ele lembrou que o Impressionismo também foi inicialmente visto com ceticismo. “Toda grande obra de arte dos últimos 100 ou 200 anos causou algum desconforto quando foi revelada pela primeira vez”, conclui Galperin.