
Procuradores brasileiros e italianos estão trabalhando juntos para investigar os vínculos entre as facções criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) com a máfia calabresa ‘Ndrangheta. A colaboração surgiu após o mafioso Vincenzo Pasquino decidir cooperar com a Justiça.
A parceria tem como objetivo desmantelar as conexões internacionais dessas organizações e fortalecer a cooperação contra o crime organizado. Em outubro, promotores e procuradores brasileiros se reuniram com Giovanni Melillo, procurador nacional antimáfia da Itália, em Foz do Iguaçu. Dias depois, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi a Roma discutir os detalhes da operação. Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo, também participou das reuniões.
A força-tarefa conta com um procurador do Ministério Público Federal e um promotor do Rio de Janeiro, além de representantes italianos. Durante a visita à Itália, os brasileiros buscaram informações sobre a delação premiada de Pasquino e a Operação Eureka, uma das maiores ações contra o crime organizado, realizada pela Europol em maio. A operação envolveu forças de segurança de seis países e resultou na prisão de 108 criminosos e na apreensão de 23 toneladas de cocaína.
No Brasil, a operação levou à prisão de Vincenzo Pasquino e de Rocco Morabito, líder da ‘Ndrangheta, em 2021, em uma ação conjunta da Polícia Federal com a polícia italiana. Pasquino, que estava foragido desde 2019, é acusado de envolvimento com a máfia e atuava no tráfico de drogas entre a América do Sul e a Europa.
Morabito, identificado como um dos principais líderes da ‘Ndrangheta, era responsável pela coordenação do narcotráfico na América do Sul. Ele mantinha relações com fornecedores de cocaína e intervinha em disputas mafiosas para evitar assassinatos.
Além das ações no Brasil, a máfia utilizava portos no Equador, Panamá e Colômbia para enviar cocaína à Itália. Um exemplo de seu modus operandi é a carga de 102 quilos de cocaína escondida em bananas, que foi enviada de Puerto Bolívar, no Equador, para o Panamá, antes de chegar à Itália. A ‘Ndrangheta também contava com o apoio de grupos paramilitares colombianos, como o Clã do Golfo, liderado até 2021 por Otoniel, um dos maiores narcotraficantes do mundo.