O uso regular de maconha pode causar danos à memória de trabalho, fundamental para ações como lembrar informações breves e utilizá-las em decisões, aponta estudo publicado no JAMA Network Open. Essa memória, essencial para atividades como dirigir ou conduzir conversas no trabalho, foi significativamente prejudicada em usuários crônicos da substância.

De acordo com Joshua Gowin, autor do estudo e professor assistente de radiologia na Universidade do Colorado, a memória de trabalho reduzida dificulta reter e processar informações rapidamente, tornando tarefas do cotidiano mais desafiadoras.

O estudo analisou mais de 1.000 indivíduos, categorizados como usuários pesados (mais de 1.000 usos na vida), moderados e não usuários, usando exames cerebrais e testes cognitivos. Os resultados mostraram que o uso crônico de maconha reduziu a atividade cerebral em áreas ligadas à memória, atenção e tomada de decisões, sendo a memória de trabalho a mais afetada.

Usuários crônicos apresentaram uma redução de 14% na ativação cerebral em tarefas de memória em comparação com não usuários. Apesar de evidências de possíveis melhoras em funções cognitivas após períodos de abstinência, não há ainda conclusões definitivas sobre a reversão completa dos danos causados pelo uso prolongado.

Especialistas também destacaram limitações do estudo, como a falta de controle sobre condições preexistentes, como TDAH, e o desconhecimento dos níveis de THC consumidos. A pesquisa ainda levanta questões sobre os impactos de longo prazo e a possibilidade de recuperação da memória em usuários crônicos.