
A Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, tornou-se a primeira instituição do Brasil autorizada a realizar pesquisas in vitro com cannabis medicinal geneticamente modificada. O aval foi concedido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A UFLA já possuía autorização da Anvisa para estudos sobre o cultivo in vitro da planta, mas agora poderá criar variedades com perfis específicos de canabinoides, aprimorando compostos terapêuticos e aumentando a eficácia de tratamentos.
Para Vanessa Cristina Stein, coordenadora do Centro Biotecnológico de Plantas Psicoativas (CBPP), a decisão abre novas frentes de pesquisa e pode contribuir para a democratização do acesso a medicamentos à base de cannabis.
Uso medicinal da Cannabis
A Cannabis sativa L., conhecida como maconha, possui mais de 400 compostos químicos, sendo cerca de 60 canabinoides. Entre eles, o THC (tetra-hidrocanabinol) é amplamente estudado por suas propriedades terapêuticas. Segundo o médico Dr. Vital Fernandes Araújo, especialista em Medicina Ortomolecular e Psiquiatria, o THC tem aplicações confirmadas para:
- Alívio da dor crônica e neuropática, especialmente em pacientes com câncer e fibromialgia;
- Redução de náuseas e vômitos causados por quimioterapia e HIV;
- Estímulo do apetite em casos de desnutrição, anorexia e doenças graves;
- Ação anti-inflamatória, com potencial para artrite reumatoide e doenças intestinais;
- Tratamento da ansiedade e insônia;
- Controle de convulsões em epilepsia refratária;
- Proteção neural, podendo retardar doenças como Alzheimer e Parkinson.
Legalidade do THC no Brasil
No Brasil, a Lei 11.343/2006 criminaliza a posse e o cultivo recreativo da maconha. No entanto, o uso medicinal do THC é permitido com prescrição médica. O acesso pode ocorrer por meio de:
✔️ Farmácias, com receita especial;
✔️ Importação, mediante autorização da Anvisa;
✔️ Associações de pacientes;
✔️ Pesquisas clínicas aprovadas pelo sistema CEP/Conep.
A autorização concedida à UFLA representa um avanço científico e reforça o papel da pesquisa acadêmica no desenvolvimento de tratamentos inovadores com cannabis medicinal.