O STF inicia nesta terça-feira (24), às 9h30, o julgamento que pode transformar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados em réus por participação na trama golpista. O caso será analisado pela Primeira Turma da Corte, composta por cinco ministros.

Se a denúncia for aceita, os investigados responderão a uma ação penal que pode resultar em condenação ou absolvição. A acusação, apresentada em fevereiro pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, envolve o chamado “núcleo crucial” da organização, composto por Bolsonaro e aliados próximos, incluindo militares e ex-ministros.

Acusados do Núcleo 1:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República

  • Walter Braga Netto – general do Exército, ex-ministro e ex-candidato a vice

  • Augusto Heleno – ex-ministro do GSI

  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin

  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF

  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha

  • Paulo Sérgio Nogueira – general do Exército e ex-ministro da Defesa

  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator

O julgamento

A sessão será conduzida pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, ao lado de Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Caso necessário, o julgamento continuará na quarta-feira (26).

O rito segue etapas previstas no regimento interno do STF, incluindo:

  • Abertura pelo presidente da Turma, Cristiano Zanin

  • Relatório da denúncia por Alexandre de Moraes

  • Sustentação oral da PGR (30 minutos)

  • Defesa dos acusados (15 minutos cada)

  • Votação sobre questões preliminares

  • Análise do mérito da denúncia

Organização criminosa e crimes

A PGR sustenta que Bolsonaro liderou uma organização criminosa para atentar contra a democracia entre julho de 2021 e janeiro de 2023. A acusação cita o plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin e Moraes, além da “minuta do golpe”, documento que detalhava a tentativa de tomada do poder.

Os crimes imputados aos acusados incluem:

  • Organização criminosa armada (3 a 8 anos de prisão)

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos)

  • Golpe de Estado (4 a 12 anos)

  • Dano qualificado por violência e grave ameaça (6 meses a 3 anos)

  • Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos)

Defesa

Os advogados de Bolsonaro pediram a anulação da delação de Mauro Cid, o afastamento dos ministros Moraes, Zanin e Dino do caso e acesso total às provas. Também solicitaram que o julgamento ocorra no plenário, e não na Primeira Turma.

Outras denúncias

Nas próximas semanas, o STF avaliará se outros 26 acusados da tentativa de golpe também se tornarão réus. A denúncia foi dividida em quatro núcleos para facilitar o julgamento.