Adail Pinheiro, ex-prefeito de Coari, retornou ao comando da Prefeitura do município após uma decisão controversa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que considerou legal o seu registro de candidatura para as eleições de 2024. A decisão, tomada pelo ministro Kássio Nunes Marques, ratificou o que havia sido decidido anteriormente pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), permitindo que Pinheiro exercesse o cargo novamente, apesar das severas acusações e condenações que pesa sobre ele.

O ex-prefeito, que tem seus direitos políticos suspensos devido a condenações por improbidade administrativa, estava inelegível segundo a Lei da Ficha Limpa. Porém, a decisão do TSE, que negou os recursos do Ministério Público Eleitoral (MPE) e de seus opositores, permitiu que ele se mantenha à frente da gestão municipal, gerando indignação entre os críticos de seu retorno.

Em 2014, Adail Pinheiro foi condenado a 11 anos e 10 meses de prisão por crimes de abuso sexual envolvendo menores. A investigação, que foi realizada pela Polícia Federal, desmascarou um esquema de exploração sexual de meninas, com a participação de Pinheiro em um esquema de favorecimento à prostituição infantil em Coari. As vítimas, muitas delas adolescentes de 9 a 15 anos, denunciaram o ex-prefeito como líder de uma rede de abusos, um caso que teve grande repercussão nacional.

Além disso, Adail Pinheiro esteve envolvido em outros escândalos de corrupção. Em 2008, a Operação Vorax revelou que o ex-prefeito e aliados políticos desviaram mais de R$ 46 milhões em recursos federais e royalties da Petrobras, que deveriam ser usados para o desenvolvimento de Coari. Pinheiro foi condenado a mais de 57 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos. Ele também enfrentou ações do Tribunal de Contas da União (TCU), que o condenaram a devolver recursos públicos desviados.

Mesmo com esse histórico de condenações, Adail Pinheiro não se afastou da política e fez um ato de aproximação com a população de Coari, promovendo um evento de Natal e prometendo cartões de felicitações aos moradores. Em vídeos vazados, ele apareceu dizendo: “Eu gosto e amo vocês” e reafirmou seu compromisso com a cidade. No entanto, moradores relataram que o prometido cartão de Natal não foi cumprido conforme esperado, gerando mais desconfiança entre a população.

O retorno de Adail Pinheiro à prefeitura de Coari, apesar das acusações e condenações, levanta questões sobre a moralidade e a justiça nas decisões políticas. A população de Coari e o Brasil em geral continuam a acompanhar os desdobramentos dessa controvérsia, enquanto o ex-prefeito segue à frente da administração municipal, com sua liderança sendo vista de maneira ambígua por parte dos moradores e autoridades.