
Mesmo com mais de R$ 8,5 milhões destinados à compra de uniformes escolares, alunos da rede municipal de ensino seguem sem receber o fardamento prometido pela Prefeitura de Manaus. Empresas contratadas para confeccionar as peças denunciam que não receberam nenhum pagamento da gestão do prefeito David Almeida, responsável pela Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Uma das empresas, a L P do Vale, contratada por R$ 5,3 milhões em novembro de 2024 para fornecer camisetas escolares, afirma que todos os empenhos foram anulados pela prefeitura, sem qualquer explicação. A denúncia revela que, mesmo sem repassar um centavo às fornecedoras, a administração municipal republicou os contratos no Diário Oficial, como se o serviço estivesse em andamento.
Além da L P do Vale, a Confetêxtil, que venceu um lote de R$ 3,1 milhões para confeccionar bermudas, também relata não ter recebido pagamentos. Ambas enfrentaram obstáculos administrativos e recorreram até ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) para garantir sua participação na licitação, mas seguem sem resposta da prefeitura.
A proprietária da L P do Vale informou que, diante da ausência de pagamentos e do desgaste com a gestão, a empresa sequer tem mais interesse em continuar o contrato. Segundo ela, o valor negociado — R$ 19 por camisa — está defasado e não cobre mais os custos de produção após quase um ano de espera.
Outro ponto levantado pelas fornecedoras é o uso do “mosaico colorido” nos uniformes — identidade visual da gestão David Almeida que foi proibida pela Justiça em 2023 por configurar promoção pessoal. Amostras entregues à imprensa mostram que os uniformes estavam padronizados com esse mosaico, tanto nas camisetas quanto nas bermudas, o que levanta a suspeita de que a suspensão dos contratos estaria ligada à tentativa frustrada de autopromoção do prefeito.
Outras empresas, como a BDS Confecções e a PI Confecções, também aparecem como vencedoras de licitações milionárias — R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente — mas receberam valores simbólicos. A BDS, por exemplo, teria recebido apenas R$ 34,65, enquanto a PI Confecções teve um repasse de R$ 100 mil.
Enquanto o impasse se arrasta, crianças seguem frequentando as aulas sem uniforme, e a Prefeitura de Manaus, sob comando de David Almeida, ainda não deu explicações sobre o atraso nas entregas, os contratos republicados ou a ausência de pagamentos às empresas contratadas.
Veja os documentos: