A repressão contra críticos da administração David Almeida (Avante), em Manaus, ganhou um novo capítulo. O alvo da vez é o grupo de WhatsApp “Fora David Almeida”, criado para mobilizar protestos populares. Integrantes e administradores do grupo estão sendo investigados por suposta “incitação à violência”, após o Secretário Municipal de Segurança Pública, Alberto Siqueira, registrar um boletim de ocorrência.
O documento foi protocolado na Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC) e inclui prints de conversas e dados pessoais de membros do grupo, como nomes e números de telefone. Mesmo sem evidências concretas de ameaça, os participantes foram listados como investigados, em uma ação considerada intimidadora e abusiva.
Entre os alvos está o empresário e ativista David Araújo, que tem sofrido ameaças de morte, ataques nas redes sociais e teve seus dados expostos em um site financiado com verba pública. A própria Dulce Almeida, irmã do prefeito e ex-secretária de Educação, também teria atacado membros do grupo de oposição.
O episódio que motivou o boletim de ocorrência envolvia um show do cantor Sidney Magal, previsto para o Mirante Lúcia Almeida, mas cancelado pelo próprio artista em solidariedade às vítimas das enchentes em Manaus. Apesar do cancelamento, a investigação seguiu, indicando que a medida pode ter como real objetivo coibir manifestações e intimidar opositores.
Especialistas apontam abuso de poder
Juristas e defensores de direitos civis alertam que o uso da estrutura pública para perseguir manifestantes pacíficos configura abuso de autoridade e afronta direta à Constituição Federal, que garante o direito à livre expressão, à privacidade e à reunião pacífica.
Segundo análise jurídica, a tentativa de mapear e intimidar cidadãos engajados em protestos é uma prática recorrente em regimes autoritários e representa uma ameaça ao estado democrático de direito.
Protestos seguem confirmados
Apesar das tentativas de coação, os protestos contra a gestão David Almeida estão mantidos. A próxima manifestação acontece nesta sexta-feira, 25 de abril, em frente à sede da Prefeitura de Manaus. Outro ato está marcado para o dia 1º de maio, às 16h, na Ponta Negra.
