
A Polícia Federal (PF) revelou um esquema de fraude que envolvia a falsificação de óbitos de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com o objetivo de lavar dinheiro ilícito. A investigação aponta para associações como a Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (Caap) e a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen), ambas do Ceará, que foram envolvidas em transferências suspeitas para a Global Planos Funerários.
Segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a funerária recebeu R$ 34 milhões da Caap e R$ 2,3 milhões da Aapen, mesmo sem oferecer planos funerários a seus associados. O valor envolvido sugere um grande volume de óbitos falsificados, com a média de 19 mortes por dia, entre 2022 e 2024.
José Lins Neto, proprietário da funerária, também presidiu a Caap e esteve vinculado à Aapen. A partir de um acordo entre a Caap e o INSS, a funerária começou a receber os pagamentos de descontos de aposentados. Durante a investigação, foi identificado que a funerária repassou R$ 12 milhões para a Clínica e Laboratório Máxima Saúde Ltda., controlada pelo genro da tesoureira da Aapen, Maria Luzimar Rocha Lopes, envolvida em transações suspeitas que somaram R$ 700 mil.
O relatório da PF revelou que, no início de 2024, a Caap tinha 265,4 mil associados e a Aapen, 382,4 mil. A Aapen recebeu R$ 81,9 milhões com os descontos, enquanto a Caap obteve R$ 48 milhões. A Controladoria-Geral da União (CGU) entrevistou 210 associados da Aapen, todos negando os descontos, e apenas uma pessoa da Caap confirmou ter autorizado.
A Justiça Federal determinou o bloqueio de cerca de R$ 150 milhões da Caap e da Global, além de R$ 200 milhões da Aapen, e autorizou buscas nas sedes das associações. A funerária teve seu CNPJ encerrado na Receita Federal 23 dias antes da operação policial.