
A gestão de Fabiano Silva dos Santos na presidência dos Correios voltou a atrasar pagamentos ao Postalis, fundo de pensão dos funcionários da estatal. Mesmo após assinar, em 2023, um contrato de confissão de dívida de R$ 7,6 bilhões, a empresa deixou de repassar valores aos dois principais planos previdenciários.
Nos últimos dois meses, os atrasos somam R$ 120 milhões, referentes ao Postalprev (previdência complementar) e ao Plano de Benefício Definido (fechado a novos participantes desde 2008).
Para evitar sanções judiciais, os Correios mantêm os atrasos abaixo de 90 dias, quitando parte das dívidas antes do vencimento desse prazo. Atualmente, estão em aberto os repasses de março e abril. A parcela de maio vence no quinto dia útil de junho. A direção da estatal deve pagar ao menos uma delas nos próximos dias para evitar novas consequências legais.
O contrato prevê repasses mensais de cerca de R$ 30 milhões, além de juros e multas pelos atrasos: 1% ao mês mais 2% de multa no Postalprev, e 0,03% ao dia mais 2% no Plano BD.
O rombo do Postalis tem origem em investimentos malsucedidos entre 2011 e 2016, durante o governo Dilma Rousseff. As perdas diretas somaram R$ 4,7 bilhões, atualizadas para R$ 9,1 bilhões — cerca de 60% do déficit total. Em vez de responsabilizar ex-gestores ou processar a BNY Mellon, então administradora do fundo, os Correios e o governo dividiram o prejuízo com os servidores. Metade da dívida ficou com aposentados e pensionistas, que sofrem descontos mensais em seus contracheques.
Indicado por Lula, presidente dos Correios é alvo de críticas internas
Fabiano Silva dos Santos, ex-militante do PT e aliado de José Dirceu, assumiu o comando da estatal em 2023 por indicação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Atuante no grupo Prerrogativas, ele tem se posicionado contra a privatização dos Correios, mas enfrenta crescente insatisfação interna.
A estatal encerrou 2024 com o maior prejuízo de sua história e virou alvo de reportagens sobre decisões administrativas polêmicas, como a desistência de ações trabalhistas milionárias e concessões de benefícios fora do padrão.
A nova crise elevou a pressão sobre o conselho do Postalis. O presidente do colegiado, Hudson Alves da Silva — indicado por Fabiano — será cobrado por dirigentes do fundo em reunião marcada para quarta-feira, 28.