O contrato da influenciadora Virginia Fonseca com a empresa Esportes da Sorte está sob análise da CPI das Bets, instaurada no Senado para investigar irregularidades envolvendo casas de apostas. O documento, assinado em dezembro de 2022, previa uma bonificação de R$ 24 milhões caso o link promocional da influenciadora gerasse R$ 80 milhões em lucro para a empresa — valor que seria acrescido aos R$ 40 milhões fixos já contratados.

Embora o contrato não detalhe se o lucro viria apenas das perdas dos apostadores, é de conhecimento geral que esse é o principal mecanismo de rentabilidade das plataformas. A cláusula ficou conhecida como “cláusula da desgraça alheia”, mas Virginia negou que recebesse comissões sobre prejuízos dos usuários. Em seu depoimento à CPI, no dia 13 de maio, afirmou que o bônus dependia exclusivamente do lucro gerado e que a meta não foi alcançada, portanto, não recebeu valores adicionais.

O contrato também previa que a influenciadora teria acesso aos dados de apostas feitas por meio de seu link, mas ela afirma nunca ter solicitado essas informações. A Esportes da Sorte confirmou que todos os pagamentos feitos a Virginia se referem exclusivamente à cessão de imagem, presença em campanhas e publicações nas redes sociais, e negou qualquer vínculo entre os valores pagos e os resultados das apostas.

Com 53 milhões de seguidores apenas no Instagram, Virginia atualmente mantém contrato com outra plataforma, a Blaze. Seu vínculo com a Esportes da Sorte terminou em maio de 2024.

A CPI das Bets, criada no fim de 2024, apura suspeitas de publicidade irregular, crimes financeiros e o impacto das apostas no orçamento das famílias brasileiras. Paralelamente, o Senado aprovou um projeto que proíbe o uso da imagem de atletas, artistas, influenciadores e autoridades em campanhas de apostas. A proposta, de autoria do senador Styvenson Valentim (PSDB), segue agora para análise da Câmara dos Deputados.