
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou na noite desta segunda-feira (23) que não há nenhum acordo de cessar-fogo entre Irã e Israel, contrariando o anúncio feito horas antes pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Até o momento, o governo de Israel também não se manifestou oficialmente sobre a existência de qualquer trégua.
Segundo o chanceler iraniano, a única condição para interromper as ações militares seria o fim imediato dos ataques israelenses até as 4h da manhã (horário de Teerã). Caso contrário, o Irã prometeu manter suas operações de retaliação. “Até o momento, não há acordo sobre cessar-fogo ou suspensão das operações militares. No entanto, se o regime israelense interromper sua agressão até as 4h, não pretendemos continuar com nossa resposta após esse prazo”, afirmou Araghchi em uma postagem na rede X.
O ministro também fez questão de reforçar que o Irã continuará a punir Israel por sua ofensiva, caso as agressões não cessem. “As operações militares das nossas poderosas Forças Armadas continuarão até o último minuto, até as 4h. Somos gratos às nossas tropas que seguem prontas para defender nosso país até a última gota de sangue”, declarou.
Trump e o anúncio de trégua
Donald Trump, por sua vez, havia anunciado o cessar-fogo em sua rede Truth Social, prometendo o início da trégua cerca de seis horas após a publicação, feita às 19h15 (horário de Brasília). Segundo ele, o Irã seria o primeiro a suspender os ataques, seguido de Israel. Trump chegou a parabenizar ambos os países pela “resistência, coragem e inteligência” ao aceitar encerrar o que chamou de “guerra de 12 dias”.
“O fim oficial da guerra de 12 dias será saudado pelo mundo. Durante o cessar-fogo, os dois lados permanecerão pacíficos e respeitosos”, escreveu o ex-presidente norte-americano.
Escalada de ataques
Enquanto o suposto acordo não se confirma, os ataques continuam violentos. Israel realizou nesta segunda-feira novos bombardeios com “intensidade sem precedentes” contra a capital iraniana, Teerã. Os alvos principais foram instalações da Guarda Revolucionária Iraniana, incluindo o quartel-general de segurança interna, a sede da Basij, a Prisão de Evin e o relógio da Praça Palestina, símbolo da luta contra Israel.
Em resposta, o Irã, por meio do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), executou sua 21ª operação militar contra Israel desde o início da crise em 13 de junho. O ataque incluiu o lançamento de mísseis de diferentes propulsões e drones suicidas, atingindo vários pontos estratégicos em território israelense.
Além disso, os iranianos também lançaram mísseis contra a base militar norte-americana de Al Udeid, no Catar. O Pentágono informou que não houve vítimas. Os Estados Unidos, por sua vez, já haviam intensificado o conflito ao bombardear, no sábado (21), três instalações nucleares em solo iraniano.
Conflito regional ganha novos atores
A crise também ameaça se expandir ainda mais. O Iêmen, aliado do Irã, declarou nesta segunda-feira que está pronto para atacar navios de guerra dos EUA no Mar Vermelho, caso Washington mantenha o apoio militar a Israel.
Enquanto isso, Trump classificou os ataques iranianos como uma “resposta muito fraca” aos bombardeios americanos de sábado, minimizando o impacto das ofensivas do Irã contra bases dos EUA na região.